quarta-feira, 17 de junho de 2015

O rei que não conseguia se expressar

Rei George VI e a rainha consorte, Elizabeth.
O filme O Discurso do Rei, de 2010, conta a história do Rei George VI que assume o trono britânico quando o reino está prestes a declarar guerra à Alemanha Nazista. George VI, representado por Colin Firth (Eterno Mr. Darcy ♥), era gago e tinha sérios problemas para se comunicar, mesmo com sua família. Por isso, sua esposa (Helena Boham Carter) procura um terapeuta alternativo para tentar curar o transtorno.
Antes mesmo de saber que um dia assumiria a coroa, já que era o 2º na linha de sucessão ao trono, George sofria com diversos tratamentos que nos dias de hoje são considerados absurdos. O uso do cigarro nos tratamentos como “relaxante para as pregas vocais” foi algo que me deixou passada. O insucesso dessas técnicas o frustrava cada vez mais e o fazia acreditar que nunca conseguiria falar direito.
Mesmo com o pessimismo do monarca, a sua esposa nunca desistiu de ajudar. Com todo carinho e paciência, a rainha consorte sempre procurava novos especialistas e tentava fazer com que ele acreditasse em seu potencial. Foi assim que ela encontrou um ator que ajudava pessoas com problemas de dicção. 
O terapeuta Lionel Logue
Na primeira sessão com o novo terapeuta Lionel Logue (Geofrey Rush), o rei consegue ler um trecho de Hamlet quando escuta música em um volume em que não ouve a própria voz. Ele desiste algumas vezes das sessões, mas os métodos “estranhos” de Lionel surtem efeito e ele sempre acaba voltando. Lionel tinha certeza de que poderia curar o rei e acreditava que o primeiro passo para isso era conhecê-lo intimamente e tratá-lo com igualdade. Acha que ele tratava George como Alteza Real/Majestade? Nada! Por mais que não gostasse, o rei só era chamado de Bertie (apelido de Albert, seu nome de batismo).
As cenas entre o rei e o terapeuta tomam boa parte do filme e são sempre incríveis. Engraçadas ou dramáticas, elas sempre geram alguma emoção, mas sem perder a leveza. O filme seguiu uma linha fácil de acompanhar e sem criar situações forçadas. Juro que me vi representada quando o então príncipe tenta fazer seu primeiro discurso em um auditório com transmissão radiofônica e não fala absolutamente nada. Fiz exatamente a mesma coisa nas aulas de Introdução ao Rádio e a TV na faculdade.  Simplesmente travei. E quando conseguia falar, não saia nada que preste. Ao contrário de George, não sou gaga, mas falar em publico não é fácil pra mim também, muito menos se isso for gravado de alguma forma.
Algo que achei errado na história foi deixar subentendido que o problema de gagueira de George está ligado a falta de confiança, timidez e ao complexo de inferioridade que ele adquiriu na infância. Mesmo não tendo focado nisso, acho errado relacionar a gagueira a fatores psicológicos. Especialistas já provaram que esses fatores não podem causar o problema, embora possam agravá-lo. Muitas vezes, o gago é inseguro e tímido justamente por não conseguir se comunicar direito, e não o oposto.
Mas enfim, voltando, durante toda a narrativa, George tenta superar sua gagueira para poder se comunicar com seus súditos através dos seus discursos. Como o principal meio de comunicação da época era o rádio e o rei não conseguia articular as palavras no ar, o reino via seu problema de dicção como fraqueza e falta de confiança, principalmente porque estavam prestes a entrar em guerra. No final do filme, depois de muita ajuda de Lionel, além do apoio de sua mulher, George consegue fazer um belo pronunciamento para todo o Reino Unido anunciando o conflito contra os nazistas e passando ao seu povo segurança e vontade de defender os ideais britânicos. Colin arrasou nessa cena, achei brilhante. 
  • Título Original: The King's Speech
  • Título no Brasil: O Discurso do Rei
  • Direção: Tom Hooper
  • Produção: Iain Canning, Emile Sherman, Garetch Unwin
  • Lançamento: 2010 (EUA) 2011 (BRA)
  • Duração: 118 min