segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Cada um tem um lado sombrio... Especial Terror #2

Titulo: O Retrato de Dorian Gray

Título original: The Picture of Dorian Gray

Autor: Oscar Wilde

Editora: Martin Claret

Página: 177


Em uma garimpada em um sebo descobri a obra de Oscar Wilde, um autor com uma historia tão fascinante quantos suas obras e resolvi me aventurar em seu livro, um clássico de escrita rebuscada, mas com uma narrativa tão envolvente e fluida que te prende do inicio ao fim.

O Retrato de Dorian Gray e um livro ao mesmo tempo sombrio e irônico, mas de forma sutil e bem dosada, com diálogos carregados de frases reflexivas, característica do livro que faz com que o leitor se identifique e reflita com os personagens através de suas pensamentos e reflexões.



“Dizem que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. 
Também e no cérebro, e só nele, que ocorrem os grandes pecados do mundo.” 

O livro narra a amizade entre três homens distintos, Lord Henry um personagem egocêntrico, carregado de sarcasmo e responsável pela corrupção do jovem Dorian; Basil Hallward é um pintor romântico que vive sua arte apaixonadamente e no decorrer do livro acaba transferindo seu amor pela arte para seu modelo; e por ultimo Dorian Gray um jovem pianista possuidor de beleza extraordinária e ingênuo, que ao ser apresentado a sociedade, ao sarcasmo e aos conselhos de seu amigo Lord Henry, acaba por se corromper e se tornar um ser sombrio e cruel.

"- Porque influenciar uma pessoa é dar a ela a própria alma. 
Ela passa a não pensar com os pensamentos naturais. 
As virtudes que possui deixam de ser; para elas, reais. 
Os pecados que comete, se é que existem pecados, são todos tomados por empréstimo. 
Ela se torna eco da música de outrem, ator um de papel não escrito para ela."



No filme lançado em 2009, a ideia básica da obra de Oscar Wilde foi mantida, mas com cenas que tornaram o filme bem mais sombrias e explicitas que o livro, mostrando sem pudor o lado libertino, cruel e corrupto dos personagens,que no livro são descritos de forma sutil.

As diferenças marcantes no entre o livro e o filme estão na visão do quadro pelo personagem Dorian, no livro nós analisamos o quadro pela perspectiva de Dorian e não há uma certeza se as mudanças realmente aconteceram ou se foram fruto da imaginação do personagem. No filmeas alterações da pintura são visíveis para qualquer pessoa e o motivo para que ocorram é realmente digno de um filme de terror. Tal mudança diminui muito a carga reflexiva do papel da pintura. Fazendo com que as modificações ocorressem para dar um motivo mais forte ao fato, já que, no livro, a história tem um cunho mais filosófico.

Assistir ao filme é boa pedida para os que gostam de um bom terror, mas não se compara ao livro em termos reflexivos. Mas como sempre eu recomendo a leitura mais do que recomendo o filme.


(Por Thais Sarmento)