quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Forca, fedor e um inocente


Quando resolvi escrever uma resenha para colocar no blog hoje, estava pensando em falar sobre um livro que comprei uns meses atrás que conta a história uma velhinha fofa que resolve reencontrar seu amor de adolescência. Mas não rolou. Tentei, tentei, tentei e nada prestou. Então me lembrei de algo totalmente fora do meu estilo que li semana passada. Lá vamos nós...

Numa conversa com um amigo sobre leituras de férias, ele me indicou um autor novo. Segundo ele, uma cara fera que manja muito dos romances históricos. Como eu não tinha nada pra fazer na minha última semana sem trabalhar, fui logo procurar. O autor é Bernard Cornwell e, queridos, melhor coisa que resolvi fazer naquele dia.

O livro que escolhi ler foi O Condenado. Pelo que pesquisei, foge um pouco do estilo das outras obras dele, pois é um romance policial, mas nem por isso deixa de ser bom. O protagonista é Rider Sandman que lutou na Batalha de Waterloo e quando volta pra Londres está sem dinheiro, sem emprego e leva um pé na bunda da noiva.

Um belo dia, ele recebe uma carta com uma proposta de emprego temporário. Na teoria, ele só precisa conseguir a confissão de um condenado a forca. Charles Corday, um pintor gay, foi acusado de estuprar e assassinar a condessa de Avebury. Por que o governo está preocupado em conseguir uma confissão do cara, sendo que na época pouco se importavam com a inocência do morto? Porque Sua Majestade, a Rainha, interferiu no caso e acredita no rapaz.

Assim que conhece o acusado, Sandman sabe que não foi ele quem cometeu o crime e parte em uma busca pelo verdadeiro assassino. Isso é algo que me incomoda nele, sempre certinho, defensor dos fracos e oprimidos, incorruptível. Enfim, no meio dessa jornada, ele precisa contar com a ajuda de seus amigos (personagens muito mais legais do que ele) e é jurado de morte. Pra completar, sua ex-noiva resolve dar as caras.

A Inglaterra mostrada no livro é bem diferente daquela que conhecemos pela obra de Jane Austen, apesar de O Condenado se passar poucos anos depois dos livros dela. Cornwell mostra uma sociedade cruel, cidades nojentas e uma justiça injusta. É quase possível sentir o cheiro podre da prisão Newgate e a descrição dos enforcamentos é muito bem feita, assim como todo o contexto histórico, citando até mesmo o nome de pessoas que realmente existiram  e que trabalharam para a coroa na época.

Sem qualquer dúvida, a minha personagem preferida é Sally Hood (Hood? Sim, igual ao Robin. Que, aliás, é irmão dela! Pasme haha). Ela é uma menina pobre, que não se importa com as convenções sociais, fala o que pensa seja pra quem for e posa nua para um pintor por precisar de dinheiro e ter seios muito bonitos. Sally é amiga de Sandman e é de grande importância para a resolução do caso.

Bernard consegue manter o mistério até o final do livro e a cada novo personagem que ele apresentava eu mudava de suspeito. Algo que não me agradou muito foi o fato de que o romance do protagonista com a ex por quem ele ainda era apaixonado não ter sido muito explorado. Desculpa, sociedade. Fiquei mais preocupada com o fato de talvez ele não  conseguir se casar do que com o Corday ir para a forca.


Aliás, a leitura tem um ritmo bem rápido, tudo acontece em sete dias e por isso na maior parte do tempo só consegui pensar "Já era, amigo. Se até agora tu não achou o cara, pode ter certeza que não acha mais. O pintor vai pro buraco". Enfim, gostei bastante de O Condenado e tenho certeza de que ainda lerei outras obras do autor. 


Título Original: Gallows Thief
Título no Brasil: O Condenado
Autor:  Bernard Cornwell
Editora: Record
Páginas: 272