terça-feira, 21 de março de 2017

[Resenha] The Crown


Quando Elizabeth Alexandra Mary nasceu, em abril de 1926, não havia a expectativa de nenhuma grande responsabilidade, afinal, o próximo monarca seria o seu tio Edward, Príncipe de Gales. Porém, em 1936, Edward abdicou do trono para se casar com Wallis Simpson. O casamento era reprovado pelo Parlamento e pela Igreja, já que Wallis era divorciada. Assim, o pai de Elizabeth ascende ao trono como George VI e ela passa a ser a herdeira presuntiva. 

A série anglo- americana The Crown, exibida pela Netflix, pretende retratar o reinado de Elizabeth II do início até os dias atuais. A primeira temporada começa o casamento da então princesa com Philip Mountbatten, em 1947, quando Elizabeth tinha 21 anos. Os dois eram primos em segundo grau e o enlace não ocorreu sem polêmica, uma vez que algumas das irmãs de Phillip foram casadas com figuras importantes da política da Alemanha nazista, tanto que ele teve que abrir mão do sobrenome masculino, pertencente a família real da Grécia e da Dinamarca, e adotar o materno, Mountbatten. 

Após o casamento os dois foram morar em Malta, onde Philip tinha um posto na Marinha Britânica. Porém, em 1951 o casal teve que começar a assumir compromissos oficiais representando a Coroa, como o tour pela Commonwealth, já que a saúde do Rei George VI encontrava-se bem debilitada. Em 1952 o Rei faleceu quando Elizabeth estava na África, durante a turnê. Porém a coroação foi em 1953, aos 27 anos. 

Desde o início a rainha enfrentou uma série de desafios, tanto na esfera política quanto pessoal. Seu casamento com Philip foi colocado a prova em vários momentos. Ele não aceitou muito bem a manutenção da casa de Windsor, uma vez que não poderia usar o próprio sobrenome, e sempre reclamou da falta de autonomia e ocupação real, tanto que passou a se comportar como um playboy. Outra questão que lhe deu muita dor de cabeça foi o relacionamento entre a Princesa Margaret e o capitão Peter Townsend. Mesmo simpática ao casal, ela não podia permitir o casamento como Rainha e Chefe da Igreja Anglicana, uma vez que Townsend era divorciado. Para continuar com Peter, Margaret teria que abdicar do título. Em muitos momentos a Rainha se sentiu incapaz de sua posição, já que não teve uma educação voltada para diversas áreas, não frequentando uma universidade, por ser uma princesa. Além disso, tudo era passível de interferência, até a escolha do secretário pessoal. 

Na política ela se viu em meio a disputa de poder dentro do Partido Conservador. Quando assumiu o trono, o primeiro ministro era o lendário Winston Churchill. Porém, apesar da popularidade, ele já estava velho e com a saúde frágil, mas não abria mão da posição, impedindo que seu sucessor, Anthony Eden. Além disso, foi durante a década de 1950 que começou o processo de descolonização da África e da Ásia, e portanto a redução da importância do Reino Unido na geopolítica global. A temporada termina em 1956, às vésperas da Crise de Suez. 

The Crown foi produzida por Peter Morgan, o mesmo roteirista de A Rainha. A primeira temporada recebeu o Globo de Ouro de melhor série dramática. A obra possui uma produção caprichada, incluindo fotografia, maquiagem e figurino. Além disso, as atuações são impecáveis, destacando-se Claire Foy como Elizabeth (ela ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em série dramática), John Lithgow como Winston Churchill, Vanessa Kirby como Princesa Margaret e Matt Smith como Príncipe Philip, Jared Harris como George VI e Alex Jennings como Edward, Duque de Windsor. 

"God Save The Queen."



Título original em inglês: The Crown
Título no Brasil: The Crown
Ano produção: 2016
Dirigido por: Peter Morgan