segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Nada é o que parece ser!


Título Original: Un Avion Sans Elle
Título no Brasil: O Voo da Libélula
Autor: Michel Bussi
Editora: Arqueiro
Tradução: Fernanda Abreu
Páginas: 400
Sinopse: Na noite de 23 de dezembro de 1980, um avião cai na fronteira entre a França e a Suíça, deixando apenas uma sobrevivente: uma bebê de 3 meses. Porém, havia duas meninas no voo, e cria-se o embate entre duas famílias, uma rica e uma pobre, pelo reconhecimento da paternidade.

Numa época em que não existiam exames de DNA, o julgamento estende-se por muito tempo, mobilizando todo o país. Seria a menina Lyse-Rose ou Émilie? Mesmo após o veredicto do tribunal, ainda pairam muitas dúvidas sobre o caso, e uma das famílias resolve contratar Crédule Grand-Duc, um detetive particular, para descobrir a verdade.
Dezoito anos depois, destroçado pelo fracasso e no limite entre a loucura e a lucidez, Grand-Duc envia o diário das investigações para a sobrevivente Lylie e decide tirar a própria vida. No momento em que vai puxar o gatilho, o detetive descobre um segredo que muda tudo. Porém, antes que possa revelar a solução do caso, ele é assassinado. Após ler o diário, Lylie fica transtornada e desaparece, deixando o caderno com seu irmão, que precisará usar toda a sua inteligência para resolver um mistério cheio de camadas e reviravoltas.


       O livro é norteado pelas memórias de um detetive supostamente assassinado. Não. Não pense em memórias póstumas, nada disso. Na realidade o livro mistura dois tipos de narrativa: a primeira em terceira pessoa, narra o presente, o desenrolar da história a partir do aniversário de 18 anos da protagonista, revezando apenas o personagem observado em cada cena; a segunda em primeira pessoa, constrói-se sobre o Diário pessoal do detetive particular contratado para descobrir a verdadeira identidade da protagonista do desastre de avião cuja única sobrevivente era uma bebê de 3 meses de idade. Numa época anterior aos exames de DNA, era necessário reunir provas do quem era a menina, e por 18 anos o detetive procurou incansavelmente por qualquer prova que pudesse trazer sua identidade, mas essa prova chegou tarde.

       O livro é cheio de nuances, seria injusto coloca-las aqui. Para entender é preciso ler. E mesmo assim, ainda constitui um desafio. Michel Bussi construiu uma história muito complexa, cheia de problemáticas aparentemente sem solução. E no penúltimo capítulo temos tudo.

       Para quem não sabe, sou fã inegável de Harlan Coben. Descobri o estilo investigativo através de suas obras, e por pouco Bussi não chegou ao seu nível. Não posso reclamar de nada na história: personagens marcantes e muito bem construídos, lugares reais percorridos com realidade, fatos históricos seguidos com afinco, detalhes pequenos que se mostram vitais no decorrer da história.               Contudo, a única coisa que me incomodou foi a linguagem. A parte narrada em terceira pessoa é impressionante. Possui muita ação, suspense, aventura, e é a responsável pelo desenrolar da história. Mas a parte em primeira pessoa não possui leitura fluida. O diário é escrito em forma de suspense policial, uma construção interessante que prova que não foi sendo escrito aos poucos, como um diário normal, mas escrito muito depois que os fatos narrados haviam acontecido misturados aos seus sentimentos e teses. E isso deixa sempre a ponta da dúvida: Até que ponto o detetive deturpou a realidade a seu favor? Não podemos deixar passar despercebido que o cara levou 18 anos para resolver um caso e desistiu sem encontrar a resposta, e isso poderia ser ruim para seu currículo!
       Mas não se enganem, nem se deixem levar pelo diário. Como eu disse, é o desenrolar do presente que realmente vai movimentar a história. E o final é surpreendente. Durante minha leitura formei em média umas 10 hipóteses quanto ao final. Não acertei nenhuma. E quem me conhece sabe que eu costumo acertar!

       Por fim, recomendo O Voo da Libélula para todo verdadeiro fã de suspense investigativo. E preparem-se, eu não sosseguei até descobrir o final; você também não vai sossegar.