sábado, 30 de maio de 2015

A nova geração leitora


Quem nunca ouviu a famosa frase: “quem lê viaja”... O prazer proporcionado pela leitura é extenso, por meio dela conhecemos pessoas e lugares, abrimos nossa mente como se fosse uma casa de espetáculo onde grandes apresentações são realizadas.

Apesar disso, nos encontramos em uma era moderna, na qual o cinema e todas as outras artes visuais têm considerável espaço, o videogame ocupa tempo considerável na vida dos jovens, e a internet, de uma maneira geral, mas mais especificamente as redes sociais, permeiam entre as principais ocupações entre os jovens e adolescentes.

Sendo assim, é previsível que o livro, o tão agradável hábito da leitura caia pouco a pouco no esquecimento, e que tal prazer seja substituído por todas essas novas tecnologias tão mais atrativas, certo? Isso nos parece óbvio. Estamos no século XXI, tudo que há de mais moderno está ao alcance de nossas mãos. Entretanto, contrariando toda essa evidente preferência pelas facilidades oferecidas pela modernidade, surge um grupo de novos leitores, moças e rapazes que descobrem o prazer da leitura e dele não se separam mais.

Está claro que o cinema, por exemplo, com suas grandes adaptações de obras literárias, contribui para que quem se interesse pela história dos filmes e séries venha mais tarde a procurar o livro correspondente. E essa ligação é positiva, em duas vertentes: a primeira é quando quem já habituado a ler, assista e aprecie essas adaptações. A segunda é o processo inverso, o filme bem produzido faz grande sucesso, e isso faz com que muitos comecem a ler depois de assisti-los.

O certo é que os livros continuam sim sendo uma fonte de prazer inesgotável mesmo entre os jovens. Apesar da resistência de muitos entre os mais novos em adentrar no universo literário, o número de leitores nessa faixa etária é considerável. Começa-se lendo algum famoso best seller , então vem o tão conhecido gosto pela leitura e pronto, não se abandona mais o hábito de ler.

Três mil anos de produção literária não poderia jamais se tornar algo obsoleto. A Literatura está entrelaçada à própria história do homem, ela nos faz enxergar quem somos e qual nosso papel social. É super positivo ouvir jovens e adolescentes conversando sobre qual livro estão lendo, como tal personagem é maravilhoso, ou inconformados com a morte de um ou outro personagem. Leia a seguir o depoimento de uma jovem leitora sobre seu gosto pela Literatura:


“Sou Amanda Panerari, 14 anos, de São Paulo e apaixonada por leitura. Desde que me conheço por gente, sou amante de livros e tudo relacionado a esse meio. Meus pais sempre me apoiaram e me influenciaram, sempre compraram algum livro para eu ler e me ouviram falar diariamente sobre ele.

O livro que marcou minha vida foi “Percy Jackson: o ladrão de raios”, da saga “Percy Jackson e os Olimpianos”. A série tem ao todo cinco livros, e o tema principal é aventura e mitologia grega. Tudo o que amo, e então, automaticamente me conquistou. Ampliou meu conhecimento, despertou ainda mais a minha paixão por ler e me fez ter amigos incríveis, que acima de me entenderem como leitora, entenderam-me como ser humano.

Foi então que li cada vez mais e mais. Não me importo com o gênero quando o livro é bom, nem com o número de páginas, ou seja, pode ter cem ou mil, se me interessar vou lê-lo sem medo. Aliás, prefiro livros, meu “mundinho”, do que agitação. Minha trajetória no meio da leitura só está começando.

Creio que todos são leitores, porém alguns apenas não encontraram o livro certo da sua vida. Pois pode ter certeza, quando achá-lo, nunca mais vai parar de ler. Eu sou a prova viva disso. Eu achei o livro da minha vida. Todos podem achar!”


sexta-feira, 22 de maio de 2015

Quando Não Há Palavras...

Caro leitor...


Essa não é uma postagem comum. Mas situações extraordinárias pedem postagens extraordinárias.
Aqueles que acompanham nossa fanpage já sabem que uma grande perda nos afligiu nessa sexta-feira (22/05). A verdade é que somos As Garotas de Pemberley, um grupo completo, fechado. Não temos mais acréscimos... mas nunca pensamos em ter uma perda. Algumas de nós - se não todas - já passaram por perdas nesse sentido, não é nada fácil.

Por esse motivo, deixamos aqui nossas palavras para Natália Tâmara, nossa revolta, nossa tristeza... nosso LUTO.



Reportagem oficial: http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2015/05/psicologa-e-assassinada-facadas-na-grande-natal-vizinho-e-suspeito.html

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Polêmica! O livro que escandalizou Portugal




  • Título Original: O Crime do Padre Amaro


  • Título no Brasil: O Crime do Padre Amaro
  • Autor: Eça de Queirós
  • Editora Ática
  • Editor de Texto: Fernando Paixão
  • Número de págs: 408


  • Aposto uma moeda que você já torceu o nariz em alguma aula de literatura quando ouviu falar de Eça de Queiroz. Pelo menos na minha turma de ensino médio, o comentário geral era “por que eu leria um livro de um velho português que viveu há mais de 100 anos?”. Mas não, não vai embora. Prometo que não estou aqui pra te dar mais uma aula sobre Naturalismo.

    O livro da vez é O Crime do Padre Amaro. Lançada em 1875, a obra fez o maior estardalhaço e até hoje continua gerando polêmicas. Aliás, o objetivo de Eça era exatamente esse. O livro conta a história do romance entre Amaro, um padre sem vocação que desde jovem luta contra seus desejos sexuais, e Amélia, filha da senhora que hospeda o sacerdote.

    Durante toda a narrativa, o autor põe o dedo nas feridas do Clero português. Além da crítica explícita ao celibato, ele também aponta a corrupção dos padres e a sua predileção pela elite. Sem contar no quão descaradamente critica e ridiculariza as “carolas”, forma como ele chama as fiéis católicas. Não é surpresa pra ninguém que Eça sofreu muitas perseguições por parte da Igreja Católica. Mas vamos à história!

    Após a morte do pároco de Leiria, uma província onde ficava a sede do bispado, Amaro assume a paróquia por influência de um político. Lá, ele passa a morar na casa da sra Joaneira, mãe de Amélia. A atração que ele sentiu pela jovem foi instantânea e depois de lutar contra suas vontades e se decepcionar com um líder que ele tomava como exemplo, o padre resolve largar seus escrúpulos e satisfazer seus desejos.

    Amélia termina o noivado influenciada por Amaro e passa a ter encontros escondidos com ele. Até que ela engravida. Neste momento, o foco deixa de ser o amor proibido, que na verdade não passava de uma simples atração, e se volta para como irão esconder a gestação. O autor não cansa de apontar toda a falta de escrúpulos daqueles que se diziam defensores da moral e dos bons costumes.

    Cena do filme O Crime do Padre Amaro (El Crimen del Padre Amaro), 2002
    A partir daí, o livro se desenrola de forma cada vez mais trágica narrando o sofrimento de Amélia. Pra quem acha que por ser antigo a leitura se torna difícil, garanto que não é. Mesmo sendo em português lusitano dá pra entender fácil. Super recomendo, não porque “ah, todos devem ler clássicos bla bla bla”, mas porque é um livro realmente muito interessante. [Só queria ser um mosquito pra ver como o pessoal da época reagiu lendo isso! rsrs]


    PS: Prof Patrícia, se você está lendo isso, obrigada pelas melhores aulas de literatura do mundo! Você é fera, saudades!

    sábado, 16 de maio de 2015

    Clube do Livro - Filme O Amor não tira Férias

    Sinopse: Iris Simpkins (Kate Winslet) escreve uma coluna sobre casamento bastante conhecida no Daily Telegraph, de Londres. Ela está apaixonada por Jasper (Rufus Sewell), mas logo descobre que ele está prestes a se casar com outra. Bem longe dali, em Los Angeles, está Amanda Woods (Cameron Diaz), dona de uma próspera agência de publicidade especializada na produção de trailers de filmes. Após descobrir que seu namorado, Ethan (Edward Burns), não tem sido fiel, Amanda encontra na internet um site especializado em intercâmbio de casas. Ela e Iris entram em contato e combinam a troca. Logo a mudança trará reflexos na vida amorosa de ambas, com Iris conhecendo Miles (Jack Black), um compositor de cinema, e Amanda se envolvendo com Graham (Jude Law), irmão de Iris.

    Esse é aquele tipo de filme que pode mudar a sua vida, pois nos leva a refletir quanto ao nosso comportamento às vezes é patético e a necessidade de isso mudar, senão a vida pode ser mais patética ainda.

    Todas querem Jude Law!!!
    Durante o debate, os elogios a esse filme foram unânimes. Gostamos das viradas nas vidas das personagens femininas. Ambas gostavam de babacas. O relacionamento da Amanda era superficial, ela estava acomodada, uma vez que seu foco era a carreira e ela possuía postura cética quanto aos relacionamentos. Já o relacionamento da Iris era bem platônico, e não correspondido. Gostamos também da sensibilidade dos personagens do Jude Law e do Jack Black.

    Jude Law, Cameron Diaz, Kate Winslet e Jack Black
    Destacamos como melhor cena a que os personagens Iris, Amanda e Graham conversam pelo telefone ao mesmo tempo, o que é claro vira uma grande confusão. Também gostamos da relação da Iris com o personagem Arthur Abbott (Eli Wallach), um senhor já idoso que com a ajuda da Iris, consegue se superar para poder subir ao palco e receber uma premiação.

    A ideia básica de O Amor Não Tira Férias nasceu anos antes do início das filmagens, quando, durante as férias, a diretora e roteirista Nancy Meyers descobriu na internet um site que fornecia endereços ao redor do mundo para pessoas que estivessem interessadas em trocar de casa por temporada. Algumas de nós procuramos na internet esse serviço, porém, o fato de morarmos em casa com a família foi um empecilho, uma vez que a família não aceitaria estranhos em casa.

    Quem quer morar em um chalé assim?
    Também foi colocada a questão: “Quem teria coragem de fazer uma mudança tão radical?” Algumas responderam SIM, desde que o destino não fosse perigoso. Recomeçar em outro lugar seria bom e haveria a oportunidade de não repetir os erros do passado. Quem respondeu NÃO alegou que mudar quando alguém depende de você é mais difícil, pois as consequências podem refletir em outras pessoas.



    E aí, o que vocês acharam desse filme? Compartilhe a sua opinião com a gente!!! 

    quarta-feira, 13 de maio de 2015

    Clube do Livro - As Memórias Perdidas de Jane Austen, Syrie James

    Dia 03 de maio foi o esperado dia do nosso debate sobre o livro e o filme do mês de abril. As reações ao filme vamos divulgar depois. Hoje vamos falar de...

    As Memórias Perdidas de Jane Austen


    O livro escrito por Syrie James e publicado pela editora Record despertou diversas emoções. Nós, como janeites de carteirinha, não podíamos deixar de ler essa obra, e, claro, discutir sobre ela. Contudo, alguns pontos devem ser esclarecidos.

    1. No Prefácio [leiam, eles são muito importantes e poucos têm o costume de lê-los] a autora explica a fonte do livro: Cartas da própria Austen para ninguém em especial, que foram descobertas em um baú no sótão da casa onde hoje é o Museu de Jane Austen. E nessas cartas, Austen conta parte de sua história ate então escondida por diversos fatores, que podemos compreender no decorrer da história.
    2. Eu [Michelle] não li essas cartas, assim como nenhuma de nós [Garotas de Pemberley], o que acarreta a seguinte dúvida: Será que essas cartas realmente existem? E se existem, será que esse é realmente o conteúdo delas? Essas e outras perguntas do mesmo estilo ficam no ar. Você, leitor, é livre para escolher em quê acreditar.
    3. No Posfácio [leiam... pelo mesmo motivo do prefácio] a autora reafirma que as perguntas do ítem 2 de fato ficam sem resposta. Não sabemos se é ficção, realidade, ficção+realidade... Então cabe a nós a decisão sobre o que pensar a respeito do livro
    Sendo assim, vamos ao debate.

         Um livro esclarecedor. Lendo esse livro, podemos entender de onde vem tantas inspirações à mente de Jane. Sua família inspirou diversos personagens, assim como amigos, conhecidos... Em especial, destacamos o Sr Morton, que inspirou o nosso querido [ou não tão querido] Sr Collins. Foi muito divertido. Era como visitar os bastidores de um filme que amamos. Saber de onde surgiram tantos diálogos divertidos, tantos momentos especiais que encontramos em Orgulho e Preconceito, ou em Razão e Sensibilidade, nos deixou apenas mais apaixonadas [se é que isso é possível] por essas obras!
         A história se passa no decorrer da escrita de Razão e Sensibilidade, e agora conhecemos ainda mais seus personagens porque sabemos suas origens. As experiências vivenciadas pela própria Austen que inspiraram Elinor, Marianne, Willoughby, Ferrars... nos fizeram sorrir e chorar [principalmente chorar]. Contudo devemos destacar os personagens centrais da história. Sim, os. Não é apenas a Austen quem protagoniza suas memórias, mas um tal Sr Ashford, um homem por quem Jane foi perdidamente apaixonada. Esse homem, contudo, é uma incógnita para nós. Apesar de parecer muito real, inclusive com atitudes que inspiraram uma série de mocinhos que conhecemos bem - Darcy, Willoughby, Ferrars, e outros - não temos certeza se ele de fato existiu. Pesquisas posteriores indicam que não houve nenhum Ashford na época de Jane Austen, então, ou Jane mudou seu nome para proteger sua reputação, ou ele foi invenção. Aqui, tivemos nosso grande [se não único] ponto de divergência. "Existiu x Não Existiu". Jamais saberemos.
         Apesar de ser uma biografia, a estrutura do livro torna a leitura muito mais fácil, pois a forma de romance que Syrie James deu a um livro de memórias foi muito interessante, e assim, o mistério torna tudo mais gostoso. E quanto a abrir mão ou não de um amor devido a condições financeiras que atingiriam a outros, há quem diga que não seria uma atitude muito a cara de Jane, mas também há quem diga que o altruismo seria uma de suas características. 
         Jane Austen não teve seu final feliz. Mas uma coisa é certa: A cigana acertou. Jane se tornou imortal. Continua viva, conosco, inspirando nossas vidas, encantando nossos momentos de lazer, suscitando debates acerca do amor, do orgulho, da persuasão, de cupidos, de romances, do bom senso... Viva para sempre, pelo menos em nossas prateleiras!

         Por fim, recomendamos o livro, mas que seja lido com atenção e cuidado. Leiam o prefácio e o posfácio, as notas da autora, façam pesquisas. E comentem. O que é ficção e o que é realidade em As Memórias Perdidas de Jane Austen para você?

    Três Dias... e um Amor para a Vida Toda!




  • Título no Brasil: Três Dias Para Sempre
  • Autora: Janda Montenegro
  • Editora Novas Páginas
  • Número de págs: 272
  • Mais uma vez, a literatura nacional vem surpreendendo. Janda Montenegro, autora de “Por Enquanto Adeus” e “Antes do 174”, é da minha cidade maravilhosa – Rio de Janeiro – e usa esse cenário mais que perfeito em suas narrativas. É impossível não acabar se encaixando em alguma parte da história, ou não se identificar com os sentimentos dos personagens. É maravilhoso poder ler e visualizar os lugares em que a história se passa, pois já estivemos lá também. E Três Dias Para Sempre não foi diferente.
                    “Todo amor dura para sempre”, e o ‘para sempre’ de Line foi bem curto. Três dias para ser mais exata. Line é uma baiana que, após ser abandonada no altar pelo noivo carioca, mora e trabalha num hotel em Copacabana. Como freelancer, seu horário de trabalho não é fixo, e no feriado de 1º de janeiro ela estava trabalhando, esperando um grupo de turistas – que não apareceu – no aeroporto. Mal humorada por ter perdido toda a manhã e ter acordado cedo depois de não ter dormido quase nada, ela pega um ônibus para voltar ao hotel, e nesse ínterim conhece Teo, brasiliense que está a passeio no Rio. No ônibus, inicialmente a contra gosto de Line, eles começam a conversar, trocam telefones, e combinam de se encontrar. Mas além da amizade, um super clima começou a rolar entre eles.
                    Teo está dividindo um apartamento com um amigo, e está nos últimos dias de suas férias, e Line o visita com frequência, mostra bons lugares em Copacabana e dá boas dicas de lazer. Enquanto isso, eles flertavam e ficavam um com o outro, sem pressão, sem pressa. Line havia sido abandonada não havia muito tempo, e lutava contra uma nova paixão, mas certas coisas não são facilmente controláveis, e ela se viu amando Teo, de uma maneira inesperada, intensa e profunda. Em três dias Line redescobriu o que é amar e ser correspondida, se sentiu bonita novamente, teve novos motivos para voltar a se arrumar, sair, sorrir. Mas com o verão, o tempo acabou. Teo teve que voltar para Brasília, deixando Line em uma inundação de sensações e emoções que a fizeram perder o controle, e o único vínculo que eles tinham vai para o espaço junto de seu telefone celular após um acidente.


                    Uma leitura fácil, dinâmica, envolvente e inspiradora. A autora consegue transmitir as emoções dos personagens de forma que não chorar não é uma opção. Sobre o final: quem não gosta de um "felizes para sempre"? Pois bem, isso não existe aqui! Mas não se preocupem. Esse bilhete é da própria Janda. Ou seja, TEM CONTINUAÇÃO, e eu já estou ansiosa a espera do próximo volume. Pode deixar, eu conto tudinho pra vocês!

    domingo, 10 de maio de 2015

    As Mães de Jane Austen - Final

    A série de posts para mulheres especiais...



    Sra Bennet


    Não temos certeza de seu primeiro nome, a pesar de alguns apostarem em Jane – visto que naquela época era costume a primeira filha levar o nome da mãe, outros apostam em Fanny (não sei de onde surgiu essa tese, só sei que ela existe), mas mesmo que Jane Austen não nos tenha revelado essa informação, podemos observar características interessantes na mãe de Jane, Lizzie, Mary, Kitty e Lidia Bennet.
    Tinha um comportamento tolo, cansativo, frívolo e inadequado, que afastava quaisquer pretendentes de suas filhas. Vivia a beira de ataque dos nervos, falando muito, fofocando, e criou as filhas com muita liberdade. Não teve uma instrutora para as meninas, e assim, nenhuma delas tinha nenhum talento excepcional, e as mais novas eram frívolas e estúpidas ao seu exemplo. A mais velha era extremamente educada e simpática, a segunda era mais arisca, a terceira era desajeitada e sem noção, e as duas mais novas causavam vergonha alheia. Era uma mãe afetuosa, porém queria tudo ao seu próprio modo. Não respeitava as escolhas e decisões das filhas, a não ser que fossem equivalentes às dela. O tipo de mãe que causa um colapso nervoso nas filhas.


    Mas agora não quero mais falar de mães personagens. Quero falar da mãe que existe dentro da sua casa, ou na sua vida. Pelo mundo existem diversas senhoras Dashwood, senhoras Bennet, Ladys Elliot, Ladys Russell... Dentro de cada mulher existe um pouco que cada uma delas, sejam mães ou não. E é graças a essas pessoas que somos o que somos. Graças a esses exemplos. Hoje, mães reais dão à luz e criam verdadeiras heroínas e legítimos mocinhos em cada canto do mundo.
    Nós, leitores, devemos ser eternamente gratos a essas mães, pois sem elas não teríamos Elizabeth, Darcy, Elinor, Marianne, Wenthworth, Thorton, Emma, Fanny, Edmund... Você e eu!

    Um Feliz Dia das Mães à todas!!!

    sábado, 9 de maio de 2015

    As Mães de Jane Austen - Parte IV

    A série de posts para mulheres especiais...



    Sra Price e Lady Bertram


    Bom, a opinião geral sobre Mansfield Park não é muito favorável. Contudo, no que diz respeito à mães, temos dois exemplos um tanto quanto exóticos. Diferente do post dobre Lady Elliot e Lady Russell, onde falei de cada uma em separado, aqui pretendo traçar um paralelo entre as mães de Mansfield Park e Portsmouth, Lady Bertram e sra Price respectivamente.


    Duas irmãs, muito semelhantes em aparência e em temperamento, indolentes, diferenciando apenas no nervosismo. Ambas eram mais teóricas que práticas, não eram ativas, não se sacrificavam pelos filhos - nem por nada, mas nos atenhamos aos filhos - e dedicavam mais tempo à tentativa de conforto do que à organizações e práticas. Devemos convir também que Lady Bertram possuía meios para não fazer nada, enquanto a sra Price necessitava estar ativa, arrumar e cuidar dos filhos e da casa. Mas com certeza, se lhe tivesse dado o poder de escolha, ela não faria nada. Tudo o que começava não finalizava, tudo o que planejava não praticava, e assim seguia a sua vida, sempre fazendo algo que não iria terminar.
    Lady Bertram pôde contratar empregados, e uma criada exclusiva para seus filhos. E além disso ainda tinha a irmã para ajudá-la nos serviços que deveriam ser da senhora da casa. Sra Price não tinha meios para tanto. Seus filhos homens receberam a instrução para que pudessem ser úteis em casa e ao mundo, enquanto as filhas foram postas de lado. Fanny, que poderia ter sido a maior ajudadora da mãe por ser a filha mais velha, foi para Mansfield aos 10 anos.
    Uma vida de luxo e uma vida sofrida e de pobreza separava essas duas irmãs. Lady Bertram com quatro filhos educados de melhor maneira possível, os rapazes em ótimas escolas e universidades, as moças com uma ótima instrutora. Sra Price com nove filhos bagunceiros, livres, mal educados e desobedientes, dando preferência aos filhos homens, contudo sem tempo para instruí-los como deveria. Mães relapsas, que criaram ou filhos mimados ou filhos arrogantes, com raras exceções. Não sabemos se os casamentos das irmãs foram pautados em amor, mas o carinho para com os filhos era apenas instintivo, não sendo grande a ponto de demonstrado por mais de 15 minutos.

    REFERÊNCIA: AUSTEN, Jane; Mansfield Park. São Paulo: Editora Landmark, 2013.

    sexta-feira, 8 de maio de 2015

    As Mães de Jane Austen - Parte III

    A série de posts para mulheres especiais...



    Lady Anne Elliot e Lady Russell


    Na falta de uma foto de Lady Elliot, sua filha Anne Elliot.
    Infelizmente, Lady Anne Elliot não teve muito tempo como mãe, mas Jane Austen fez questão de dizer quem foi essa mulher. "Lady Elliot havia sido uma mulher excelente, sensata, agradável, ajuizada e educada. Havia tolerado, atenuado e ocultado os defeitos do marido e promovido sua verdadeira respeitabilidade ao longo de dezessete anos; e ainda que não fosse ela própria a criatura mais feliz do mundo, havia encontrado nos afazeres, nos amigos e nas filhas razão suficiente para prender-se a vida e para não ser motivo de indiferença quando foi chamada a abandona-los. Três meninas, as duas mais velhas com dezesseis e quatorze anos, era um péssimo legado para uma mãe deixar; ou melhor dizendo, um péssimo fardo a se confiar à autoridade e orientação de um pai tolo e vaidoso." Percebemos que no pouco tempo que pôde, foi uma mãe atenciosa, bondosa, e que ministrou uma educação com bons princípios. Era preocupada com a família e tomou para si a responsabilidade de ensinar o que realmente importava, já que o pai se encarregou do trivial, a vaidade. Na história, vemos muito do caráter da mãe em Anne Elliot, sua filha segunda.

    Mas prosseguindo à história, a pesar de não terem tido uma madrasta, as meninas Elliot tiveram uma boa mulher para auxiliar na educação e manter os bons princípios que Lady Elliot se empenhou em passar às filhas. Lady Russell era a melhor amiga de Lady Elliot, e compartilhava de suas convicções, preocupações, e de seu amor pelas meninas. Ela entra na vida de Anne Elliot como uma figura importante em seu crescimento e aprendizado. Percebemos pela história o quão importante para a menina era o seu discernimento e juízo, e sua influência era fortemente respeitada - vemos isso com a rejeição de Anne ao capitão Wenthworth, apesar de amá-lo, por persuasão da amiga.
    Não é perfeita, de fato, e não se sabe com certeza se todos os conselhos que dá para Anne são movidos por seu amor e sentimento maternal, como vontade de vê-la feliz, ou se por preconceitos contra determinados tipos de pessoas e classes sociais. Seja qual for a motivação, sempre esteve ao lado de Anne auxiliando, aconselhando, protegendo e incentivando, papel que Lady Elliot teria desenvolvido com tanto amor quanto Lady Russell, mostrando que não precisa ser progenitora para ser mãe.

    REFERÊNCIA: AUSTEN, Jane. Persuasão. Rio de Janeiro: Zahar, 2012

    quinta-feira, 7 de maio de 2015

    As Mães de Jane Austen - Parte II

    A série de posts para mulheres especiais...



    Sra. Morland


    "Sua [Catherine] mãe era mulher de muito senso prático, de bom temperamento e, o que é o mais notável, de boa constituição. [...] Era uma mulher muito bondosa, e queria ver os filhos tornarem-se tudo o que deviam ser." Contudo, devemos considerar que, quando uma mulher se vê mãe de 10 crianças, não tem muito tempo, nem para si, nem para os próprios filhos. As filhas mais velhas da sra Morland foram as que tiveram menos sorte e atenção. Não por maldade, ou preferência, mas porque os dias, já naquele tempo, tinham 24 horas cada um. Não era uma  mãe relapsa, mas precisou, em muitos momentos, de fazer uma escala de prioridades entre os filhos, estando o mais novo em primeiro lugar e a mais velha em último. Criou os filhos com muita liberdade, mas também com muito amor. Por ser mais necessário alimentar e dar banho, a instrução não veio como prioridade, mas teve sorte por ter filhos de bom caráter. Imagino que não havia rotina na vida dessa mãe, contudo, seu lazer - e de seus filhos - se restringia ao quintal e jardim de sua casa, pois, se hoje vemos mães "enlouquecendo" arrumando dois ou três pequenos para sair, 10 devia ser uma grande missão! Suponho que ela tenha desistido de grande parte de sua vida social em prol do cuidado dos filhos. Seus conselhos eram ingênuos, o que pode indicar que casou-se cedo, e cedo se viu privada do conhecimento do mundo. Mas em momento algum se demonstra irritadiça, depressiva ou indiferente. Dontro de seus limites, era uma ótima mãe.

    REFERÊNCIA: AUSTEN, Jane. A Abadia de Northanger. São Paulo: Martin Claret, 2012.

    quarta-feira, 6 de maio de 2015

    As Mães de Jane Austen - Parte I

    A série de posts para mulheres especiais...



    Sra Dashwood


    Não se sabe ao certo se o sr e a sra Dashwood foram casados por amor, mas podemos perceber que havia, no mínimo, algum carinho, tanto no cuidado do marido com sua esposa e filhas após sua morte, quanto às boas lembranças que a viúva guardou, tanto de seu falecido marido quanto da vizinhança. Contudo, a sra Dashwood era uma mãe sensível e romântica, e dois fatos são destacáveis para comprovar. 1. "A sra Dashwood não era influenciada por nenhuma dessas considerações. Para ela bastava que ele parecesse amável, que amasse a filha, e que Elinor lhe correspondesse o afeto. Era contra todas as suas ideias que a diferença de riqueza devesse separar todos os casais que fossem atraídos pela semelhança de temperamento; e que o mérito de Elinor não fosse reconhecido por todos que a conhecessem era para ela algo impossível." Essa quote mostra o respeito que como mãe, tinha pelas escolhas das filhas, e seu orgulho pelo caráter de sua primogênita. Mostra também seu romantismo e crédito ao amor, que também é visto quando 2. sonhava com o amor e um casamento romântico com sua segunda filha, Marianne. Suas maneiras eram afetuosas, e isso se dava com a família, os amigos ou conhecidos. Para com suas filhas, podemos lembrar o fato de ter suportado sua insuportável nora, Fanny, apenas para que Elinor pudesse conviver por mais tempo com Edward, por quem era apaixonada. Um gesto bastante altruísta, de mãe para filha.

    REFERÊNCIA: AUSTEN, Jane. Razão e Sensibilidade. São Paulo: Martin Claret, 2012.

    Jane Austen e Harry Potter - Parte 1

    Vocês devem estar pensando? 

    O que os dois tem em comum?

    Primeiro: Jane Austen e J. K. Rowling são as mais famosas autoras em língua inglesa

    Segundo: tanto a obra da Jane Austen quanto o universo criado pela J. K. deixaram para nós um grande legado, que atravessa gerações e possuem um papel importante na formação do hábito de leitura.

    Terceiro (e o assunto desse post): são muitos os atores britânicos que trabalharam em adaptações dessas obras.

    Nesse post, falarei daqueles que, além de atuarem nos filmes da Saga Harry Potter, atuam nas duas adaptações mais recentes de Sense & Sensibility, primeiro livro publicado por Jane Austen.

    Da adaptação de 1995 temos:


    Emma Thompson, que em Sense & Sensibility interpreta a reservada protagonista Elinor Dashwood, em Harry Potter interpreta a estranha professora de Advinhação Sybil Trelawney. Observação: Emma também é a roteirista desse filme (que ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em 1996 e de Orgulho & Preconceito (2005).


    Já a mãe de Elinor, Mrs. Dashwood, interpretada por Gemma Jones, em Harry Potter é a competente Madam Pomfrey, curandeira-chefe da Ala Hospitalar de Hogwarts.


    A já falecida atriz Elizabeth Spriggs interpreta a divertida viúva Mrs. Jennings em S&S e guardiã da torre da Grifinória Fat Lady no primeiro filme da saga, Harry Potter e a Pedra Filosofal.


    O genro da Mrs. Jennings o também divertido Sir John Middleton, é interptretado por Robert Hardy, que na saga Harry Potter interpreta Cornelius Fudge, Ministro da Magia até o quinto filme.


    O bondoso Colonel Brandon, um dos protagonistas de S&S, é interpretado por Alan Rickman, que em Harry Potter dá a vida ao controverso professor de Poções Severus Snape.



    Imelda Staunton interpreta em S&S a tola Charlotte Palmer, filha mais nova de Mrs. Jennings. Já em Harry Potter, ela faz umas das personagens mais odiadas da saga, Dolores Umbridge.

    Já na minissérie de 2008:



    Se em 1995, Robert Hardy interpretou Sir John Middleton, em 2008, que dá a vida a esse personagem é Mark Williams, que em Harry Potter faz Arthur Weasley, chefe do clã dos ruivos, e fascinado pelos artefatos trouxas.


    Daisy Haggard interpreta Miss Steele, a tola irmã mais velha de Lucy. Em Harry Potter desempenha um papel curioso, é a voz por trás do Elevador do Ministério da Magia.

    Gostaram das coincidências? Nos próximos meses falarei sobre os atores da saga Harry Potter que trabalharam nas adaptações dos outras obras da Jane Austen. Informação útil para qualquer Janeite. E Potterhead.

    Até a próxima!!!


    sábado, 2 de maio de 2015

    Ponciá Vicêncio, Conceição Evaristo

    (por Raquel Sacramento)




  • Título Original: Ponciá Vivêncio


  • Autora: Conceição Evaristo
  • Editora Mazza Edições
  • Número de págs: 128


  •             As garotas de Pemberley amam a literatura inglesa clássica, mas isso não quer dizer que desprezamos a rica produção literária brasileira contemporânea. Por isso, a resenha de hoje será do livro “Ponciá Vicêncio” da escritora mineira Conceição Evaristo, o qual foi publicado pela Mazza Edições, em 2003.
                A obra nos relata a vida de Ponciá - mulher, negra e pobre - contando suas perdas desde sua infância até a vida adulta, dando ênfase à construção de sua identidade, com base nos relacionamentos familiares e herança cultural. Para tentar uma vida diferente daquela do interior, a personagem vai para a cidade grande, mas acaba presa a um relacionamento abusivo e morando em uma região de extrema pobreza. São destacadas, ainda, as vidas da mãe e do irmão de Ponciá, mostrando seus vazios e buscas. Os dois também decidem deixar para trás a terra que tanto conheciam e que lhes concedia o pouco sustento que tinham e trilham uma jornada recheada de momentos que nos fazem pensar em nossa própria vida.
                O livro é construído com capítulos bem pequenos e com uma linguagem bastante simples e poética, apesar de se tratar de uma prosa. Os temas abordados são muito profundos e interessantes, sendo a solidão dos indivíduos um dos assuntos mais recorrentes na obra, como ocorre, por exemplo, em “Foi tanto pavor, tanto sofrimento, tanta dor que ele leu nos olhos dela, enquanto lhe limpava o sangue, que descobriu não só o desamparo dela, mas também o dele. Descobriu que eram sós.” (referindo-se ao marido de Ponciá).
                Ponciá Vicêncio é um “soco no estômago” para quem acha que a abolição da escravatura resolveu as questões raciais no Brasil, vemos, na obra, o quanto seu reflexo está presente na sociedade atual.   Apesar de relatar tristeza e sofrimento, a solidariedade, os laços do amor e a força do povo gritam através das palavras e frases maravilhosamente estruturadas por Conceição Evaristo. 

    Referência:
    EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2003.