domingo, 29 de março de 2015

Viajando com Jane Austen - parte 1

            Se você é um (a) verdadeiro (a) Janeite, como eu, já sonhou em pegar um avião e passear pela Inglaterra com os livros da Jane como mapa. Mas imagine você respirar o mesmo ar que nossa querida Austen respirou? Ou sentar nos bancos da mesma igreja onde ela já esteve sentada? Ou mesmo olhar da mesma janela para o cenário que inspirou várias de suas histórias? Inspirador, não? Bom, esse é um dos meus maiores sonhos, e agora, faço questão de sonhar com vocês!
            Jane Austen não apenas foi como ainda é uma das melhores e maiores escritoras da Inglaterra. Nasceu em 1775, publicou diversos romances, morreu em 1817 e após isso outros romances de sua autoria também foram publicados. Eu sou fã de todos eles, óbvio! Hoje vou montar um “minipercurso” pelo Reino Unido, uma pequena viagem que podemos fazer em apenas um dia – amparadas por um carro – já que todo o percurso se encontra no Distrito Administrativo de Hampshire. 
             Começamos por Steventon, perto de Basingstoke, onde ela nasceu e viveu seus primeiros 25 anos. Lá podemos visitar a igreja, que é a única edificação datada de sua época que ainda permanece.  Depois, seguimos 34 km (40 minutos de carro) a sudeste de Chawton, onde viveu durante os últimos anos de sua vida, e onde encontramos sua casa, que hoje é um museu, Casa de Jane Austen.  E finalmente, mais 27 km a sudoeste (30 minutos), Winchester, onde viveu seus últimos dias, e onde encontramos a Catedral de Winchester, local onde está enterrado seu corpo.

Steventon

            Steventon é uma aldeia rural com uma população de cerca de 250 no norte de Hampshire , Inglaterra. Perto da cidade de Basingstoke, é a aldeia onde Jane Austen nasceu em 1775 e viveu até que ela tinha 25. A casa em que vivia foi destruída em 1823, mas a igreja ainda está de pé. Igreja de São Nicolau foi construída em 1200. Pequenas mudanças foram feitas desde então, mas a estrutura básica permanece a mesma.
            Mesmo que você não pode ver a casa em que vivia, vale a pena ir para Steventon, porque este era o lugar onde ela passou seus primeiros anos e reuniu grande parte da inspiração para seus romances. 

Chawton

             Chawton é uma vila e freguesia no Oriente Hampshire distrito de Hampshire , Inglaterra. Em 2000, tinha uma população de cerca de 380.

              O irmão de Jane Austen herdou uma grande propriedade em Chawton e Jane e sua mãe e irmã moraram em uma de suas casas a partir de 1809 até pouco antes de sua morte em 1817. A casa foi transformada em um museu, onde você pode ver as letras originais de Jane Austen, a mesa onde ela escrevia, seu quarto, uma colcha que ela fez com sua mãe e irmã, e alguns de seus pertences. Há um pub e salões de chá em frente da casa.

Winchester


        Winchester é uma cidade no sul da Inglaterra, capital do condado de Hampshire, com uma população de aproximadamente 35 mil habitantes. É sede do Distrito de Winchester, sede do governo local da área central de Hampshire, incluindo a própria Winchester e uma área de várias localidades em redor. Winchester foi há muito tempo atrás capital da Inglaterra.
Quando estava doente, Jane Austen se mudou e morreu ali. Ela morava na rua da faculdade em Winchester (a casa tem uma placa). Ela está enterrada na Catedral de Winchester.

Em uma tarde, ou manhã, podemos visitar locais tão preciosos, cheio de histórias e raízes literárias. Podemos nos sentir mais perto de uma grande heroína, que nos inspira há 200 anos com seus romances, suas piadas, suas polêmicas, suas ironias...

quarta-feira, 25 de março de 2015

No Mundo da Luna - o novo lançamento de Carina Rissi





  • Título Original: No Mundo da Luna
  • Autora: Carina Rissi
  • Editora Verus
  • Número de págs: 476


  • Estamos muito felizes com os acontecimentos do mês de março, e hoje vamos compartilhar
    com vocês um dos motivos de nossa felicidade. FOI LANÇADO O MAIS NOVO LIVRO DE CARINA RISSI! A autora está em turnê pelo Brasil desde 19/03 com seu novo sucesso, No Mundo da Luna. Sim, já é um sucesso. A autora brasileira já está na boca e na estante do povo!
    No último dia 01/03, Carina divulgou a sinopse de No Mundo da Luna.  “A vida de Luna está uma bagunça! O namorado a traiu com a vizinha, seu carro passa mais tempo na oficina do que com ela e seu chefe idiota vive trocando seu nome. Recém-formada em jornalismo, ela trabalha como recepcionista na renomada Fatos&Furos. Mas, em tempos de internet e notícias instantâneas, a revista enfrenta problemas e o quadro de jornalistas diminuiu drasticamente. É assim que a coluna do horóscopo semanal cai em seu colo. Embora não tenha a menor ideia de como fazer um mapa astral e não acredite em nenhum tipo de magia, Luna aceita o desafio sem pestanejar. Afinal, quão complicado pode ser criar um texto em que ninguém presta atenção? Mas a garota nem desconfia dos perigos que a aguardam e, entre muitas confusões, surge uma indesejada, porém irresistível paixão que vai abalar o seu mundo. O romance perfeito - não fosse com o homem errado. Sem saída, Luna terá que lutar com todas as forças contra a magia mais poderosa de todas, que até então ela desconhecia: o amor.”


    Depois da minha leitura, apenas fiquei mais apaixonada pelo estilo e escrita de Carina. Em “No Mundo da Luna”, Carina conta a história de Luna (óbvio), uma jornalista recém formada trabalhando para uma revista, descendente de ciganos por parte de mãe mas que nunca se interessou por esse estilo de vida, e tocou sua vida alheia a isso. Num determinado ponto, sua vida começa a dar errado. Problemas de relacionamento, no trabalho... e nesse momento ela alcança uma “promoção” no trabalho: ser colunista. Ela sempre quis isso, mesmo sendo numa área que não lhe atraía: Horóscopo.  Apesar de não acreditar em magia, ou mesmo em horóscopo, Luna aceita a coluna, mas escreve sem acreditar no que está escrevendo. Todos começam a perceber que as previsões que Luna, ou melhor, Cigana Clara fazia para a coluna estavam realmente acontecendo, mas ela preferia acreditar apenas em sua avó, da parte cigana da família, que acertava em tudo o que dizia. E quando conhece Viny, fotógrafo freelancer da revista, ela começa a achar que ele é o cara das previsões de sua avó. Mas as reviravoltas que acontecerão em sua vida farão com que entenda que existe si magia em si, mais especificamente em seu coração: o amor! Carina vem surpreendendo com a construção de seus personagens, de modo que, podemos amar o personagem, nos ver naquele personagem, ou odiar aquele personagem. E Luna não é diferente. Apesar de jornalista, apresenta sérios problemas de comunicação, tão sérios que por vezes me deu vontade de entrar no livro e esgana-la! É cega, nada objetiva, pessimista... defeitos reais, que muitos de nós temos.
    Carina Rissi é autora de outros sucessos, Perdida, Procura-se um Marido e Encontrada. Paulista, ama o que faz, e foi com imenso prazer que ela atendeu TODOS os leitores que apareceram nas etapas da turnê, e acredito que continuará nesse mesmo ritmo ate o final. 


    Carina vem atraindo fãs de todas as idades. Romancista, apaixonada por Jane Austen, é capaz de escrever romances épicos (como é o caso de Perdida e Encontrada) e romances modernos (Procura-se um Marido e No Mundo da Luna). Possui também uma capacidade incrível para criar mocinhos e heróis apaixonantes, e podemos encontrar diversos tipos; apaixonados e doces, sérios e trabalhadores, cafajestes e divertidos. Da pra agradar a todos os gostos!

    E aí, gostou? Procura aí em baixo, e, se a Carina for passar pela sua cidade, programe-se e não perca essa oportunidade de bater um papo com Carina Rissi.

    domingo, 22 de março de 2015

    Casos de Família - Tema de hoje: Sou brasileiro, mas não leio livros nacionais

                    Esse post começou com o intuito de ser minha segunda resenha aqui no blog. Eu tinha escolhido falar sobre um livro nacional recente escrito por Raphael Montes, mas acabou se tornando uma reflexão sobre a relação que temos com a literatura nacional (bem... pelo menos a minha). Sei que esse é um ponto sensível, mas acho importante expor meu ponto de vista na tentativa de chamar a atenção não só de quem vai ler, mas também servir como uma auto-crítica. Então, aqui vai...
                    Não sei como é a relação de vocês com os livros nacionais, mas acredito que muitos (alguns...alguém...talvez?) vão concordar comigo quando digo que a literatura nacional se limita durante muitos anos de nossas vidas como os “livros clássicos e chatos que temos que ler” (se você nunca falou isso, com certeza ouviu alguém fazer esse discurso) ao longo da nossa formação escolar.
    Somos obrigados a ler escritores como Machado de Assis (sou machadiana de coração), Gonçalves Dias, Drummond e outros; todos ótimos escritores e responsáveis pelo desenvolvimento literário de suas épocas, além de terem feito incríveis críticas sociais que até hoje conseguem provocar discussões acaloradas. Mas precisamos concordar que apesar de tudo isso, é quase impossível discordar da inadequação desses livros para despertar do interesse de (pré) adolescentes pela literatura tupiniquim. Não estou me referindo apenas a linguagem usada pelos escritores, conteúdo ou tema, me refiro também ao fato de nessa idade termos grande aversão por tudo o que nos é imposto a fazer.
    Nossos professores nos fazem ler esses livros com o único intuito de cobrar na prova sem muitas vezes se importar em contextualizar o período histórico do livro, sem nos apresentar uma breve biografia do autor. Apenas lemos o livro (ou pelo menos tentamos) e somos obrigados a gravar certos episódios para quando nos perguntarem sobre “ A” não respondermos “Z”. Não temos espaço para falar de nossas experiências durante a leitura nem expor nossas opiniões, apenas repetimos o que o professor falou em sala de aula e o que ele nos passou como gabarito da revisão feita antes da prova. Só um último detalhe para fechar esse parágrafo: NÃO estou culpando os professores aqui, estou culpando o sistema educacional que exige deles nos apresentarem uma quantidade absurda de matéria em pouco tempo.
    Por todos esses motivos, somos rapidamente jogados nos braços da literatura internacional, principalmente quando pensamos que as editoras nos bombardeiam a cada dia com essa literatura, fazendo propagandas “pesadas”, já que são mais vendáveis. Ainda não consigo entender essa preferência do brasileiro por tudo o que é estrangeiro! Não estou pregando aqui uma aversão ao que vem de fora, estou apenas chamando a atenção para algo que vejo e sofro na própria pele, e sim, em muitos momentos prefiro o que vem de fora ao que é brasileiro, mas aos poucos estou buscando o equilíbrio.  Enquanto isso, os livros nacionais tem pouco espaço em nossas estantes e também são poucos os que recebem tanta divulgação quanto os internacionais.

                    Então, se você chegou até o fim desse texto e se sentiu como eu, tenho uma proposta quase irresistível a fazer aos Bookaholics: Vamos incluir alguns livros nacionais (sejam os clássicos ou os atuais) em nossas listas de leitura?

    quarta-feira, 18 de março de 2015

    Literatura e Cinema: Orgulho e Preconceito nas telas





    Literatura e cinema são dois segmentos distintos da arte. Cada qual tem suas características, suas distinções e peculiaridades. Apesar disso, em certos momentos, ambos encontram-se ligados, trocam informações e recursos, com o intuito de enriquecer seus conteúdos, sua arte. A literatura é uma forma de conhecimento da realidade. Existem várias definições de literatura, mas uma delas, e a mais importante, é de texto erudito, por meio do qual o artista (escritor) expressa sua visão de mundo, valendo-se de sua imaginação.


    Assim como toda arte, a literatura é a expressão do homem e do humano. Ela acompanha o homem registrando suas conquistas, medos, sonhos e realizações. Seus trabalhos são feitos por meio de palavras, o que constitui um meio de comunicação privilegiado, pois potencializa a linguagem, atribuindo a esta novos e diferentes sentidos e significados. Assim, ao entrar em contato com o texto literário, o leitor se conecta com seu mundo exterior e interior, conhece mais a si e ao outro e, invariavelmente, cresce.

    Já o cinema, em uma de suas concepções, é visto como arte narrativa. Tendo isso como base, é possível perceber que no seu desenvolvimento é dado prioridade ao ficcional. Em todas as modalidades do cinema podem-se encontrar contribuições da literatura, tanto de autores que buscavam nela inspiração, quanto de adaptações feitas a partir de suas obras.

    O cinema começou a se legitimar culturalmente no início do século XX, despertando assim um interesse considerável nos escritores e artistas em geral. Estes viam no cinema um grande potencial para expressar a arte e os anseios da vida moderna. Dessa maneira começou notoriamente a aproximação das artes literárias com a cinematográfica. Essa aproximação é benéfica do ponto de vista artístico e cultural, pois cineastas procuram uma formação literária, enquanto parcerias são estabelecidas entre escritores e diretores.

    Outro ponto em que se pode notar a aproximação dessas duas artes, é o fato dos gêneros cinematográficos surgirem a partir dos gêneros literários. Alguns estudiosos do assunto afirmam que os estudos dos gêneros cinematográficos nada mais são do que, em muitos aspectos, uma prolongação dos estudos dos gêneros literários.

    Apesar disso, esses dois tipos de gêneros artísticos são distintos, bastante diferentes, tanto na constituição como no modo de produção e recepção. Em sua essência, a literatura é a arte das palavras, e o cinema, a arte das imagens. Sob esse ponto, elas se distanciam de maneira considerável. A palavra escrita, quando lida, dá margem às interpretações pessoais do leitor. Mas a imagem vale por si, transmite a mensagem de forma clara, de modo que não haja interpretações distintas das visualizadas.

    Constantemente, obras literárias de autores consagrados pela crítica e pelos leitores vêm sendo adaptadas para o sistema audiovisual. A exibição desses projetos é vista como um modo de recriar a arte, de mostrá-la sob outra perspectiva.

    Orgulho e Preconceito já teve várias adaptações feitas para a televisão e para o cinema. A mais recente delas, data-se de 2006, assinada pelo diretor Joe Wright, pode-se dizer que se trata de um filme contemporâneo. Já o livro foi escrito no final do século XVIII. Os dois encontram-se mais de dois séculos distantes na linha do tempo. Isso demonstra que o livro de Jane Austen é atemporal, sua história continua a ser lida e vista, é interessante até os dias de hoje.

    É essa mesma distância temporal que deixa claro que o filme não é igual ao livro. Nem pretendia ser. Sabe-se que quando um escritor escreve, em prosa ou em verso, ele coloca em sua obra todas as suas experiências vividas, toda sua bagagem, seus conhecimentos e crenças sobre o mundo em que vive, mesmo que o faça de forma inconsciente.

    O mesmo acontece no processo de criação do filme, as impressões e vivências de seus realizadores estão todas inseridas no filme, mesmo quando a base do filme é um texto criado por outrem. Por esses motivos, nenhum filme feito tendo como base um texto literário será igual ao original, ainda que esse seja o objetivo de quem o faça. Ora, se fosse igual, então não poderia ser considerada uma adaptação, seria uma cópia, um plágio do original.

    Em Orgulho e Preconceito percebe-se uma grande proximidade entre o filme e o livro, mas mesmo assim há grandes diferenças entre eles. A primeira delas são os cenários encontrados no filme. No livro há cenas que se passam no interior das residências e outras que se passam no exterior delas, como no campo, nos jardins, nas estradas, entre outros.

    O filme utilizou quase que o processo inverso. A maioria das cenas que no livro se passam no interior das casas, no filme são feitas ao ar livre. Há exceções, como os dois bailes realizados, os jantares, e uma ou outra cena. O contrário também acontece, onde no livro a passagem foi no exterior das residências, no filme foi realizada dentro das casas ou das mansões.

    Há um contraste evidente nos lugares contidos num e noutro. Um exemplo disso é a cena na qual Darcy pede Elizabeth em casamento pela primeira vez. No livro, Elizabeth não estava se sentindo muito bem, pois sua conversa com o coronel Fitzwilliam, primo de Darcy, a deixara muito mal. Ele revelou a ela, sem saber que Elizabeth era irmã de Jane, que foi Darcy quem aconselhou Bingley a desistir de tal relacionamento. Por esse motivo, Elizabeth não foi com os amigos jantar em Rosings, ficando sozinha na casa de Charlotte. Inesperadamente surge o Sr. Darcy, e então se inicia a conversa entre eles. A cena se passa na sala, no interior da casa.

    Já no filme, Elizabeth estava na igreja quando Fitzwilliam lhe faz essa revelação. Ela se sente mal, sai da igreja e corre até um abrigo. Lá chega Darcy, e assim inicia-se o diálogo entre eles.

    No livro não há referências sobre o clima, já que a cena se passa no interior da casa. Já no filme, a cena é feita com um temporal acontecendo. Uma possibilidade de interpretação dessa cena, é que a chuva representa os sentimentos e o relacionamento desse jovem casal.

    Todo o amor que os envolvia não fora suficiente para um relacionamento pacífico, pelo contrário, fora sempre conturbado. No pedido de casamento essa disparidade chega ao auge, Darcy expõe todos seus sentimentos, com tanto ímpeto, e é friamente recusado por Elizabeth. Daí a tempestade, de sentimentos, de ressentimentos, de anseios tão contraditórios de um e de outro.

    No filme essa tempestade foi representada materialmente, o que deu uma outra conotação para a cena. Se no livro as emoções já foram tantas, no filme elas são exacerbadas, a cena dá uma sensação de comiseração ainda maior.

    Em uma visão panorâmica do filme, pode-se dizer que este se aproxima consideravelmente do livro no qual foi baseado. As diferenças existiram, porém não foram tantas e nem tão díspares. Os diálogos contidos no livro foram sumariamente preservados, com uma ou outra modificação.

    Outras semelhanças são passíveis de serem encontradas, como as personagens criadas por Jane Austen. Elas foram mantidas no filme, e suas principais características também. Pode-se dizer que as personagens de Austen foram muito bem retratadas no filme, tanto quanto caracterizadas.

    As principais qualidades e os defeitos dessas personagens foram representados pelos atores escolhidos para a realização do filme, aliás, com muita maestria. Em nada foi perdido cada particularidade de cada uma das personagens. Mas, como o filme não tem um tempo tão longo para expor toda a história como o livro, algumas das personagens foram pouco retratadas ou suprimidas do filme.

    O filme se atém principalmente nos conflitos que rodeiam Elizabeth. Esta já era a protagonista do livro, porém no filme ela ganha um destaque ainda maior, sendo o centro das atenções e a principal atriz em cena.

    Outro ponto em que as duas obras vão de encontro são os cenários escolhidos para a representação no filme. Apesar de, como já dito anteriormente, o filme ter feito opção de inverter os locais de representação em relação a interiores e exteriores, a descrição dos locais referidos no livro foram bem representadas no filme. As casas, as mansões, os jardins, os parques, os campos, todos os locais utilizados nas filmagens assemelham-se consideravelmente com os descritos no livro.

    O filme tem uma vantagem visual que o livro não proporciona, a não ser por meio da imaginação. Isso enriqueceu consideravelmente o que está contido em Orgulho e Preconceito, trazendo a possibilidade de uma nova visão para as personagens e a história em si.

    O filme baseado na literatura escrita por Jane Austen, Orgulho e Preconceito, foi invariavelmente fiel ao original. Isso em um sentido amplo, de manter a narrativa, as personagens, os cenários, e principalmente de não alterar significativamente o conteúdo ao qual se baseou.

    Modificações ocorreram, mas apenas com o intuito de adequar o conteúdo literário a fim de que fosse filmado. A base da história, o enredo escrito há dois séculos por Austen, foi intimamente conservado. O filme de modo algum deixou de fazer jus ao seu nome, ao objetivo a que se propôs, que era trazer a magnífica literatura de Jane Austen à atualidade.

    Orgulho e Preconceito quando apenas visto, pode ser considerado um filme de época. Mas para os que conhecem o livro ao qual serviu de base para as gravações, podem considerar o filme assim como o livro, uma obra atemporal, que, apesar de ser baseada na sociedade inglesa do século XIX, nada tem que prenda seu conteúdo apenas a essa determinada época.

     




    sábado, 14 de março de 2015

    Clube do Livro - The Lizzie Bennet Diaries

    Orgulho e Preconceito é, sem dúvidas, a obra mais conhecida da Jane Austen, possuindo assim inúmeras adaptações. Mas como seria adaptar O&P para o século XXI, utilizando a internet e seus recursos como instrumentos de narrativa?  Por isso escolhemos “The Lizzie Bennet Diaries” para o debate do clube do livro em janeiro. 

    A web série americana “The Lizzie Bennet Diaries” foi à resposta a esse desafio. Apresentada principalmente em formato de vlog, a série foi criada por Hank Green (irmão do escritor John Green) e Bernie Su e contou com 100 episódios no vlog principal, entre abril de 2012 e março de 2013.

    Na web série, a estudante de comunicação Lizzie Bennet começa um vlog como um projeto para a faculdade, tendo como principal assunto sua vida e a vida de suas irmãs Jane, a mais velha, e Lydia, a mais nova. Na produção dos vídeos ela conta com a colaboração da melhor amiga, Charlotte Lu. Assim como no livro, o projeto de vida da Srª. Bennet é casar suas filhas com homens ricos, e a rotina das garotas é afetada com a chegada do estudante de medicina Bing Lee a vizinhança, acompanhado de seu maior amigo William Darcy, herdeiro de uma corporação de entretenimento.
    Lizzie Bennet (Ashley Clements), Jane Bennet (Laura Spencer), Lydia Bennet (Mary Kate Wiles) e Charlotte Lu (Julia Cho)

    William Darcy (Daniel Vincent Gordh) e Bing Lee (Christopher Sean).

    Os episódios, com duração de mais ou menos cinco minutos, estrelados principalmente pelas irmãs Bennet e Charlotte, que, no quarto da Lizzie, recontam e revivem os eventos de suas vidas. A partir do episódio 25, os outros personagens são apresentados, e outros ambientes são utilizados como locação. Além disso, a cada dez episódios são exibidos vídeos e que os personagens respondem perguntas da audiência.
    Gigi Darcy (Allison Paige), Caroline Lee (Jessica Jade Andres) e Mary Bennet (Briana Cuoco).

    A grande inovação da série é que a história também é contada utilizando outras mídias sociais, como o twitter, onde os personagens interagem entre si e com os expectadores. Essa interação se dá principalmente por meio de 4 contas no You Tube, 15 contas no Twitter e 4 tumblrs, entre outros. Além do vlog da Lizzie Bennet, destacam-se na narrativa os vlogs da Lydia Bennet, com 29 episódios, mantido nos momentos em que as irmãs estão separadas, e o Pemberley Digital, apresentado pela Gigi Darcy, com 6 episódios, que ao apresentar um protótipo de um aplicativo desenvolvido pela empresa do Darcy, mostra ao público os esforços para a resolução de um importante acontecimento do final da história. Dessa maneira, TLBD desenvolve-se como uma narrativa transmídia, ou seja, utilizando múltiplos suportes.
    George Wickham (Wes Aderhold), Rick Collins (Maxwell Glick), e Fitz Williams (Craig Frank).

    A web série foi um sucesso de público e crítica, possuindo hoje mais de 260 mil inscritos e 55 milhões de visualizações no seu canal principal no You Tube. Em 2013, foi a primeira série que foi ao ar pelo You Tube a vencer o “Primetime Emmy Award” de “Outstanding Creative Achievement in Interactive Media”. 


    Além disso, em 2014 foi lançado O Diário Secreto de Lizzie Bennet, escrito por Bernie Su e Kate Rodrick, que apresenta eventos que não aconteceram diante das câmeras ao longo da série. No Brasil, o livro foi lançado pela Verus Editora, selo do Grupo Editorial Record. Esse ano deve ser lançando um segundo livro, “The Epic Adventures of Lydia Bennet”, escrito por Kate Rodrick e Rachel Kiley.


    Uma frase bem colocada por uma de nossas Janeites participantes do Clube e que traduziu os sentimentos de todas: “A melhor coisa baseada em Jane Austen dos últimos tempos.” A web série, assim como o livro foi bem recomendada por todas.  “Lindo”, “Perfeito” e “Viciante” foram alguns dos adjetivos usados no debate para descrever o TLBD. O figurino e os penteados foram perfeitos. Algumas de nós entraram no Pinterest pra acompanhar a série e tentaram imitar os penteados. Como uma adaptação atual, essa história de ‘casamento forçado’, ‘fuga pra ficar com um cara’, ‘casar por dinheiro’, ‘união dentro da mesma família’, tudo isso ficou pra trás, no século XIX, e deu lugar a crises financeiras e familiares, dificuldades na faculdade, busca pelo primeiro emprego, escolha de uma carreira, problemas no relacionamento. Todas nos identificamos com várias partes da história, nos vimos em diversos personagens. Quem espera encontrar algo parecido com as histórias do século XVIII e XIX é melhor nem perder seu tempo assistindo, mas todas concordaram que foi uma iniciativa maravilhosa. E o livro, O Diário Secreto de Lizzie Bennet, vem para preencher algumas lacunas deixadas pelo vlog, com informações que deixam os leitores de queixo caído.

    O sucesso de TLBD levou a criação da Pemberley Digital, que entre outras web séries, produziu "Welcome to Sanditon" e "Emma Approved", ambas inspiradas nas obras Sanditon e Emma, respectivamente, da Jane Austen.


    Canal oficial da série: The Lizzie Bennet Diaries

    Link para ver a série legendada: Canal da Larissa Siriani

    Mais informações sobre transmidia: Era uma vez 2.0, no portal Be Style

    Páginas da web série e do livro no facebook: The Lizzie Bennet Diaries e O diário Secreto de Lizzie Bennet


    Principais fanpages no facebook: Socially Arkward Darcy e Todos Merecem Chá 

    terça-feira, 10 de março de 2015

    De um passado sem amor...

    Minha edição linda da BestBolso que ganhei no amigo secreto.

    • Título Original: Jane Eyre
    • Título no Brasil: Jane Eyre
    • Autora: Charlotte Bronte
    • Editora BestBolso
    • Tradução: Heloisa Seixas
    • Número de págs: 528

         Acredito que alguns livros você tem que ler em certos momentos da sua vida! Assim foi com Jane Eyre. Confesso que não estava muito empolgada com a leitura, já tinha tentando ler varias vezes, mas a coisa não fluía. Enfim, ganhei ele da Kerolaine no amigo secreto  e lá fui eu pela quinta vez... Li! Quando terminei nunca me arrependi tanto de não ter continuado a leitura na 1° vez que o tive em mãos. 

    O romance foi publicado pela primeira vez em 1847, por Currer Bell - pseudônimo de Charlotte BrontëEle descreve a forma como a sociedade condena as mulheres a uma vida de luta, pobreza e solidão, caso não tenha um guardião masculinoEssas mulheres, apesar de bem educadas, tinham uma escolha muito limitada de emprego, tendo muitas vezes que viver da caridade de outras pessoas.

    O livro, narrado em primeira pessoa, conta a trajetória  da protagonista desde a infância sofrida após tornar-se órfã e morar com uma tia que a detestava, passando por um reformatório excessivamente conservador, cruel e machista até a vida adulta na mansão Thornfield. Jane Eyre é uma garota pobre que, após deixar a escola Lowood, vai trabalhar na propriedade como tutora de Àdele uma protegida de um senhor rico,  feio, solteirão e amargurado.

    Sua personalidade reclusa foi moldada pelos anos de opressão em Lowood, sempre medindo as palavras proferidas e os sentimentos demonstrados. Assim, Jane sente-se muito à vontade na presença do amo, SrRochesterde caráter grosseiro, rude e desinteressado, pois não precisa demorar-se em rodeios com ele. Aos poucos, ambos se entregam à uma amizade intensa e a um respeito mútuo que acaba por evoluir para uma paixão intensa. O único porém é que Thornfield esconde mais segredos do que parece.

    Jane Eyre já teve varias adaptações 1944, 2006 e a de 2011. Minha preferida - apesar de não ter assistido as outras - é a de 2011 da BBC com Michael Fessbender e Mia Wasikoska.

    Segue abaixo o trailer:




    domingo, 8 de março de 2015

    Jane Austen e o Dia Internacional da Mulher


                    Será que existe um padrão para as mulheres e seus finais felizes? As vezes tentam nos persuadir que sim, dissuadir nossos ideais para acreditarmos nos ditames da sociedade. A Disney cansa de apresentar, a cada dia, que apenas as “princesas” tem finais felizes, aquelas em geral ingênuas, magras, lindas, sensíveis. Mas será que isso é verdade? Existe um padrão para finais felizes? Bom, acho que não. E tenho certeza que Jane Austen concorda comigo.
                    Como você é? Sensível? Romântica? Impulsiva? Ingênua? Sagaz? Forte? Fria? Modesta? Saiba que, independente de quem você seja, não existe uma regra para o seu biótipo. A não ser que você seja uma vilã... vilãs não costumam ter finais felizes. Mas eu sei que você não é uma vilã! Então, você está com sorte.
                    Jane Austen fez questão de, em cada um de seus livros, descrever uma heroína diferente das demais. Elizabeth Bennet, Catherine Morland, Fanny Price, são exemplos de mulheres completamente diferentes umas das outras, mas que alcançaram seus finais felizes. Somos perfeitamente capazes de correr atrás de nossa felicidade, como elas fizeram. Vamos entender melhor.
                    Prática, ajuizada, discreta, embora seja tremendamente sensível e permita que governem sua cabeça, tem um lado emocional profundo que poucas pessoas veem. Essa parece você? Elinor Dashwood tinha seus defeitos, mas lutou por seu final feliz ao lado de sua irmã, Mariane Dashwood, impulsiva, romântica, impaciente, e talvez um pouco honesta demais. Gosta de poesia romântica e novelas, e toca o piano lindamente, sente profundamente e ama apaixonadamente. Qual delas reflete mais a sua personalidade? Nenhuma delas? E que tal calma, fiel, e moralmente honesta, ama profundamente... e morre de ciúmes. Então, Fanny Price te representa? Ainda não? Bom, você pode ser uma líder, gostar de ser a rainha do seu círculo social, e sente que é seu dever ajudar os menos influentes., muitas vezes se intromete nos assuntos dos outros, embora o faz com um coração puro. Muitas vezes se engana com uma imaginação fértil e fantasiosa, mas suas boas intenções e espírito criativo fazem de você alguém que alguém poderia gostar. Melhorou? Ainda não? Ok, Emma Woodhouse não representa muita gente, mas e Anne Elliot? Facilmente persuadida, particularmente quando amigos e parentes tentar usar "o caminho Elliot" contra você, mas isso não significa que não tenha convicção. Na verdade, seu senso de dever é esmagador, e mesmo que não arrisque o pescoço, muitas vezes aprendeu a falar quando é preciso. Sabe como lidar com situações difíceis e ama profundamente e constantemente. Não importa qual seja o seu defeito, é justamente ele que te faz perfeita e única!
                    Percebeu que não houve nenhuma descrição de princesa aí em cima? Pois bem, Jane Austen deixou claro que a princesa vive dentro de cada uma de nós, e nós podemos sim escolher como lidar com ela. O Dia Internacional da Mulher veio pra mostrar o quanto você, mulher, é forte, dedicada e capaz. Capaz de estar certa, de enfrentar os problemas de cabeça erguida, de fazer boas escolhas sozinha.
                    Você gosta de um bom romance gótico? É imaginativa e ingênua e ao mesmo tempo cativante e desconcertante? Catherine Morland teve seu final feliz sem precisar ser “a mulher perfeita segundo a sociedade”. E o que dizer de Elizabeth Bennet? Inteligente, espirituosa, e tremendamente atraente, tem uma boa cabeça em seus ombros, e muitas vezes se sente diferente dentro da sua realidade, mas para quem não parece muito perfeito a seus olhos, tem uma tendência ao preconceito que serve-lhe muito mal, de fato.  E eu poderia citar muitas outras mulheres, como a cândida Jane Bennet, ou a egoísta Lady Susan, mas a questão é: se seu final feliz não chegou, não é por conta de sua personalidade. Nós lutamos muito pra conseguir o nosso lugar na sociedade pra chegar agora e abaixar a cabeça pra o que ela dita? Não. E hoje o dia é nosso para nos lembrar disso.

                    Não somos fracas. Não devemos estar em segundo plano. Devemos ter nossas próprias opiniões e elas devem ser ouvidas. Jane Austen teve muitas opiniões com respeito a sociedade, e deixou-nos o legado de passar a frente seus pensamentos. Não importa nossa idade, classe social, cor, localização geográfica, devemos lutar pelo nosso espaço, nossos direitos, e é claro, pelo amor. Com certeza existe um Mr. Darcy, um Capitão Wentworth, um Henry Tilney, ou um Mr. Knightley por aí, a nossa espera!

                    Feliz Dia Internacional da Mulher!

    quarta-feira, 4 de março de 2015

    O que acontece quando duas pessoas que foram feitas uma para outra simplesmente não conseguem ficar juntas?

    • Título Original: Love, Rosie
    • Título no Brasil: Simplesmente Acontece
    • Autora: Cecelia Ahern
    • Editora Novo Conceito
    • Tradução: Amanda Moura
    • Número de págs: 448

    Olá, a resenha de hoje será sobre o livro Simplesmente Acontece, de Cecelia Ahern, a mesma autora de P.S. Eu Te Amo. Ganhei este livro da Aline no 1º Amigo Secreto do Clube do Livro, em dezembro. Como a adaptação cinematográfica da obra estreia amanhã nos cinemas – finalmente!!-, creio que não há data melhor para falarmos um pouquinho sobre esse presente lindo que recebi.

    Simplesmente Acontece conta a história de Rosie e Alex, amigos de infância inseparáveis que, por ironia do destino, vão parar em continentes diferentes. Desde os cinco anos, os dois fazem tudo juntos. Isso inclui  implicar com a professora do ensino fundamental, dormirem um na casa do outro, compartilhar segredos e até a primeira bebedeira na adolescência. O problema é que um belo dia o pai de Alex recebe uma proposta de trabalho nos Estados Unidos e deixa Dublin junto com sua família.

    Quem tem um amigo que mora longe sabe o quão triste é se despedir e quão difícil é manter uma amizade desta forma. Alex e Rosie fazem dar certo na maior parte do tempo e trocam cartas, cartões postais, SMS, e-mails e conversam por chats com frequência. Este é um dos diferenciais do livro. Ele não possui uma narrativa em 1ª ou 3ª pessoa. Você sabe o que aconteceu pela correspondência dos personagens, suas conversas online e bilhetes trocados. Isso dá fluidez à leitura e me fez terminá-la em dois dias.

    Voltando a história, depois da mudança de Alex, parece que o universo resolve conspirar contra os dois e sempre acontece algo que os impede de ficarem juntos. Tudo começa com a gravidez de Rosie no baile de formatura, o que desfaz seus planos de se mudar para Boston. A partir daí, a vida dos nossos protagonistas tomam rumos totalmente diferentes. A única coisa que não muda é o amor que sentem um pelo outro.

    Uma coisa que realmente me chamou a atenção foi a veracidade das situações. Cecelia não força a barra, não romantiza demais a história levando pra um lado fantasioso e o que acontece com Alex e Rosie pode acontecer com qualquer um. Justamente por isso o livro se torna tão bom, mesmo a história parecendo, a princípio, o velho clichê da paixão pelo melhor amigo. Simplesmente Acontece me fez pensar sobre o quão pouco podemos controlar nossas vidas e como atitudes impensadas podem mudar o rumo da trajetória de alguém. Super recomendo o livro a todos que procuram uma leitura fácil e estão dispostos a rir e chorar durante 400 páginas.


    Confira o trailer do filme: