quarta-feira, 13 de maio de 2015

Clube do Livro - As Memórias Perdidas de Jane Austen, Syrie James

Dia 03 de maio foi o esperado dia do nosso debate sobre o livro e o filme do mês de abril. As reações ao filme vamos divulgar depois. Hoje vamos falar de...

As Memórias Perdidas de Jane Austen


O livro escrito por Syrie James e publicado pela editora Record despertou diversas emoções. Nós, como janeites de carteirinha, não podíamos deixar de ler essa obra, e, claro, discutir sobre ela. Contudo, alguns pontos devem ser esclarecidos.

  1. No Prefácio [leiam, eles são muito importantes e poucos têm o costume de lê-los] a autora explica a fonte do livro: Cartas da própria Austen para ninguém em especial, que foram descobertas em um baú no sótão da casa onde hoje é o Museu de Jane Austen. E nessas cartas, Austen conta parte de sua história ate então escondida por diversos fatores, que podemos compreender no decorrer da história.
  2. Eu [Michelle] não li essas cartas, assim como nenhuma de nós [Garotas de Pemberley], o que acarreta a seguinte dúvida: Será que essas cartas realmente existem? E se existem, será que esse é realmente o conteúdo delas? Essas e outras perguntas do mesmo estilo ficam no ar. Você, leitor, é livre para escolher em quê acreditar.
  3. No Posfácio [leiam... pelo mesmo motivo do prefácio] a autora reafirma que as perguntas do ítem 2 de fato ficam sem resposta. Não sabemos se é ficção, realidade, ficção+realidade... Então cabe a nós a decisão sobre o que pensar a respeito do livro
Sendo assim, vamos ao debate.

     Um livro esclarecedor. Lendo esse livro, podemos entender de onde vem tantas inspirações à mente de Jane. Sua família inspirou diversos personagens, assim como amigos, conhecidos... Em especial, destacamos o Sr Morton, que inspirou o nosso querido [ou não tão querido] Sr Collins. Foi muito divertido. Era como visitar os bastidores de um filme que amamos. Saber de onde surgiram tantos diálogos divertidos, tantos momentos especiais que encontramos em Orgulho e Preconceito, ou em Razão e Sensibilidade, nos deixou apenas mais apaixonadas [se é que isso é possível] por essas obras!
     A história se passa no decorrer da escrita de Razão e Sensibilidade, e agora conhecemos ainda mais seus personagens porque sabemos suas origens. As experiências vivenciadas pela própria Austen que inspiraram Elinor, Marianne, Willoughby, Ferrars... nos fizeram sorrir e chorar [principalmente chorar]. Contudo devemos destacar os personagens centrais da história. Sim, os. Não é apenas a Austen quem protagoniza suas memórias, mas um tal Sr Ashford, um homem por quem Jane foi perdidamente apaixonada. Esse homem, contudo, é uma incógnita para nós. Apesar de parecer muito real, inclusive com atitudes que inspiraram uma série de mocinhos que conhecemos bem - Darcy, Willoughby, Ferrars, e outros - não temos certeza se ele de fato existiu. Pesquisas posteriores indicam que não houve nenhum Ashford na época de Jane Austen, então, ou Jane mudou seu nome para proteger sua reputação, ou ele foi invenção. Aqui, tivemos nosso grande [se não único] ponto de divergência. "Existiu x Não Existiu". Jamais saberemos.
     Apesar de ser uma biografia, a estrutura do livro torna a leitura muito mais fácil, pois a forma de romance que Syrie James deu a um livro de memórias foi muito interessante, e assim, o mistério torna tudo mais gostoso. E quanto a abrir mão ou não de um amor devido a condições financeiras que atingiriam a outros, há quem diga que não seria uma atitude muito a cara de Jane, mas também há quem diga que o altruismo seria uma de suas características. 
     Jane Austen não teve seu final feliz. Mas uma coisa é certa: A cigana acertou. Jane se tornou imortal. Continua viva, conosco, inspirando nossas vidas, encantando nossos momentos de lazer, suscitando debates acerca do amor, do orgulho, da persuasão, de cupidos, de romances, do bom senso... Viva para sempre, pelo menos em nossas prateleiras!

     Por fim, recomendamos o livro, mas que seja lido com atenção e cuidado. Leiam o prefácio e o posfácio, as notas da autora, façam pesquisas. E comentem. O que é ficção e o que é realidade em As Memórias Perdidas de Jane Austen para você?