sábado, 7 de maio de 2016

O Último dos Canalhas

Meus amados leitores já sabem o quanto eu sou apaixonada por romances históricos. Fui conquistada por uma tal Jane Austen - não sei se vocês conhecem... Meu estilo literário favorito está cada vez mais em voga, o que me deixa ‘um pouco’ alegre. Só um pouco. E hoje estou trazendo pra vocês uma autora contemporânea que está explodindo no mundo literário: Loretta Chase.

A série Canalhas, de Loretta Chase, é composta por cinco livros, mas apenas dois foram publicados no Brasil: The Lion’s Daughter, Captives of the Night, Lord of Scoundrels (O Príncipe dos Canalhas), Three Wendings and a Kiss, The Last Hellion (O Último dos Canalhas). Existem laços que unem os protagonistas dos livros, mas cada livro conta uma história independente. É bem verdade que não é fácil inovar dentro desse gênero, sendo assim já peguei o livro com as expectativas de sempre. Conclusão: O Último dos Canalhas me pegou de surpresa!

O livro conta a história de Vere Mallory, o último duque de Ainswood, ducado esse conhecido por seus componentes cada um mais canalha do que o outro. Com seu pensamento de que “mulheres são incapazes de pensar”, Vere nunca demonstrou nenhum tipo de consideração com o gênero, sendo o mais canalha de todos os Aisnwood, mas por dentro carrega marcas, culpas e tristezas inimagináveis, tornando-o humano. E, como precisamos de uma personagem feminina para compor o improvável romance, contudo contrariando tudo o que você imagina numa personagem de romance histórico, Lydia, uma jornalista extremamente influente de Londres, é ao mesmo tempo temida e admirada. Como mulheres não costumavam ter uma profissão, Lydia estava sempre envolta por homens, contudo estes nunca a olharam como “mulher”, mas apenas como “colega” ou “parceira” de trabalho.

Suas vidas cruzam-se quando, em meio a uma complicada investigação de denúncia contra a prostituição, em especial uma que envolvia jovens meninas sendo enganosamente carregadas para esse meio, Vere atrapalha uma investida de Lydia acreditando que a estava salvando. E o primeiro, como todos os outros encontros do casal, é uma explosão de gargalhadas, e não apenas do leitor. Lydia, com sua personalidade forte, sua coragem e sua inteligência, prova que não é como outras mocinhas, frágeis, ingênuas e impressionáveis. Ela sabe exatamente dos terrenos onde pisa.


Uma das questões que Loretta levanta no Último dos Canalhas é a questão da dependência financeira que mulheres tinham dos homens. Lydia escreve para sobreviver, mantém sua própria casa, luta por pessoas mais humildes, denuncia aqueles que se colocam acima dos direitos dos outros. Não se esconde à sombra de um homem, nem de um sobrenome, ou de um título. E é respeitada pela sociedade. É meio maluca também, o que deixa o livro muito divertido, apesar da forte crítica.

Quanto ao texto, o que mais me chamou atenção foram os ‘apelidos carinhosos’ que os protagonistas inventam um para o outro - o que explica a quantidade de post-its azuis na primeira foto! - demonstrando a incrível criatividade de ambos. “Sua Majestade do Enxofre”, “Górgona de olhos azuis”, “mulher dragão” e “srta. Ataque Maligno” são apenas alguns. Essas piadinhas tornaram o texto ainda mais leve e divertido, e eu não resisti a marcar cada um deles.

Loretta segue um caminho diferente dos outros romances históricos por aí. Enquanto vemos o casal se apaixonando culminando no casamento, a autora segue um canal inverso, que mostra como o casal vai amadurecendo depois do casamento. Suas descobertas, seus segredos revelados, suas surpresas. Os meios com que a história se desenvolve e o casal se aproxima não são convencionais, não houve uma paixão a primeira vista, nem mesmo um interesse escondido.  Estou encantada com a escrita, com a história, com os personagens, com tudo! Aguardo ansiosamente os próximos livros da série!!!

Título Original: The Last Hellion
Título no Brasil: O Último dos Canalhas
Autora: Loretta Chase
Editora: Arqueiro
Tradução: Alves Calado
Páginas: 304

(08/05/2016 - Queridos, tenho duas correções a fazer: 1. Apesar de serem vários, não se trata de uma série. São 5 livros que seguem uma mesma linha de pensamento, com alguns personagens em comum, no entanto independentes uns dos outros; e 2. A Editora Arqueiro já se pronunciou afirmando que não publicará os outros três livros, focando, contudo, em outras séries e livros da autora.)