Título no Brasil: O Feiticeiro de Terramar
Título Original: The Wizard of Earthsea
Autora: Ursula K. Le Guin
Tradução: Ana Resende
Editora: Arqueiro
Páginas: 176
Sinopse: Há quem diga que o feiticeiro mais poderoso de todos os tempos é um homem chamado Gavião. Este livro narra as aventuras de Ged, o menino que um dia se tornará essa lenda. Ainda pequeno, o pastor órfão de mãe descobriu seus poderes e foi para uma escola de magos. Porém, deslumbrado com tudo o que a magia podia lhe proporcionar, Ged foi logo dominado pelo orgulho e a impaciência e, sem querer, libertou um grande mal, um monstro assustador que o levou a uma cruzada mortal pelos mares solitários. Publicado originalmente em 1968, O feiticeiro de Terramar se tornou um clássico da literatura de fantasia. Ged é um predecessor em magia e rebeldia de Harry Potter. E Ursula K. Le Guin é uma referência para escritores do gênero como Patrick Rothfuss, Joe Abercrombie e Neil Gaiman.
Quem aqui já assistiu Jane Austen Book Club? No filme, um grupo de seis adultos se reúne para conversar sobre as obras da Jane Austen. O único homem do grupo é Grigg, fã de ficção científica e que nunca lera Jane Austen. Sua escritora favorita é Ursula K. Le Guin, e desde então tenho vontade de ler alguma obra dessa autora. A oportunidade surgiu com o lançamento, pela Editora Arqueiro, de O Feiticeiro de Terramar, primeiro livro do Ciclo de Terramar, composto por cinco livros.
O livro conta a história de um garoto órfão que mais tarde será um dos feiticeiros mais poderosos da sua geração. Vocês devem estar achando o enredo semelhante ao de outra série super famosa de fantasia, né? Mas foi Ursula, no final da década de 1960, instigada por um editor, que escreveu um dos primeiros livros de fantasia voltado para o público adolescente. Nessa obra, a autora criou um universo fantástico digno dos grandes autores de fantasia que a inspiraram, como Tolkein, Mas ao invés de narrar os grandes feitos de um feiticeiro maduro, como o Gandalf e Merlin, nesse livro conhecemos a história de Ged, um rapaz brilhante, mas que tem que aprender na marra que “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades” e pela primeira vez temos uma história de garoto aprendendo a ser mago.
Apesar de seguir características do cânone tradicional da fantasia, O Feiticeiro de Terramar apresenta um elemento subversivo, como é comum nas obras de Le Guin, uma vez que temos um protagonista não branco (não vou contar sua etnia, para saber isso, só lendo o livro). Em tempos em que questões como representatividade tem ocupado um papel tão importante no ambiente literário, saber que uma escritora defendia essa bandeira já na década de 1960 é inspirador. Além disso, a história é mais que uma batalha entre o Bem e o Mal, mas uma jornada de autodescoberta, em que o protagonista tem que descobrir quem é o seu inimigo. E a jornada, às vezes, costuma ser mais interessante que o destino final.