Título original: The Picture of Dorian Gray
Autor: Oscar
Wilde
Editora:
Martin Claret
Página: 177
Em uma garimpada em um sebo descobri a
obra de Oscar Wilde, um autor com uma historia tão fascinante quantos suas
obras e resolvi me aventurar em seu livro, um clássico de escrita rebuscada,
mas com uma narrativa tão envolvente e fluida que te prende do inicio ao fim.
O Retrato de Dorian Gray e um livro ao
mesmo tempo sombrio e irônico, mas de forma sutil e bem dosada, com diálogos
carregados de frases reflexivas, característica do livro que faz com que o
leitor se identifique e reflita com os personagens através de suas pensamentos
e reflexões.
“Dizem
que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro.
Também e no cérebro,
e só nele, que ocorrem os grandes pecados do mundo.”
O livro narra a amizade entre três
homens distintos, Lord Henry um personagem egocêntrico, carregado de sarcasmo e
responsável pela corrupção do jovem Dorian; Basil Hallward é um pintor romântico
que vive sua arte apaixonadamente e no decorrer do livro acaba transferindo seu
amor pela arte para seu modelo; e por ultimo Dorian Gray um jovem pianista
possuidor de beleza extraordinária e ingênuo, que ao ser apresentado a
sociedade, ao sarcasmo e aos conselhos de seu amigo Lord Henry, acaba por se
corromper e se tornar um ser sombrio e cruel.
"- Porque influenciar uma pessoa é
dar a ela a própria alma.
Ela passa a não pensar com os pensamentos naturais.
As virtudes que possui deixam de ser; para elas, reais.
Os pecados que comete,
se é que existem pecados, são todos tomados por empréstimo.
Ela se torna eco da
música de outrem, ator um de papel não escrito para ela."
No filme lançado em 2009, a ideia
básica da obra de Oscar Wilde foi mantida, mas com cenas que tornaram o filme
bem mais sombrias e explicitas que o livro, mostrando sem pudor o lado
libertino, cruel e corrupto dos personagens,que no livro são descritos de forma
sutil.
As diferenças marcantes no entre o
livro e o filme estão na visão do quadro pelo personagem Dorian, no livro nós
analisamos o quadro pela perspectiva de Dorian e não há uma certeza se as
mudanças realmente aconteceram ou se foram fruto da imaginação do personagem.
No filmeas alterações da pintura são visíveis para qualquer pessoa e o motivo
para que ocorram é realmente digno de um filme de terror. Tal mudança diminui
muito a carga reflexiva do papel da pintura. Fazendo com que as modificações
ocorressem para dar um motivo mais forte ao fato, já que, no livro, a história
tem um cunho mais filosófico.
Assistir ao filme é boa pedida para os
que gostam de um bom terror, mas não se compara ao livro em termos reflexivos. Mas
como sempre eu recomendo a leitura mais do que recomendo o filme.
(Por Thais Sarmento)