Título Original: Brave New Word
Autora: Aldous Huxley
Tradução: Lino Vallandro e Vidal Serrano
Editora: Biblioteca Azul
Páginas: 312
Sinopse: Uma sociedade inteiramente organizada segundo
princípios científicos, na qual a mera menção das antiquadas palavras “pai” e
“mãe” produzem repugnância. Um mundo de pessoas programadas em laboratório, e
adestradas para cumprir seu papel numa sociedade de castas biologicamente
definidas já no nascimento. Um mundo no qual a literatura, a música e o cinema
só têm a função de solidificar o espírito de conformismo. Um universo que louva
o avanço da técnica, a linha de montagem, a produção em série, a uniformidade,
e que idolatra Henry Ford.
Essa é a visão desenvolvida no clarividente romance
distópico de Aldous Huxley, que ao lado de 1984, de George Orwell, constituem
os exemplos mais marcantes, na esfera literária, da tematização de estados
autoritários. Se o livro de Orwell criticava acidamente os governos
totalitários de esquerda e de direita, o terror do stalinismo e a barbárie do
nazifascismo, em Huxley o objeto é a sociedade capitalista, industrial e
tecnológica, em que a racionalidade se tornou a nova religião, em que a ciência
é o novo ídolo, um mundo no qual a experiência do sujeito não parece mais fazer
nenhum sentido, e no qual a obra de Shakespeare adquire tons revolucionários.
Entretanto, o moderno clássico de Huxley não é um mero
exercício de futurismo ou de ficção científica. Trata-se, o que é mais grave,
de um olhar agudo acerca das potencialidades autoritárias do próprio mundo em
que vivemos.
A história de Admirável Mundo Novo foi desenvolvida em um
futuro onde os seres humanos são pré-condicionados biologicamente e
condicionados psicologicamente em uma sociedade dividida em castas, temos
Bernard Marx, um psicológo Alfa-Mais, que por se sentir desajustado, passa a
questionar a sociedade em que vive, e em uma viagem a um dos redutos “selvagens”
que ainda existem conhece John, e o leva para a civilização. Porém John é
incompreendido em ambos os ambientes, principalmente por ter pais, em um
ambiente em que as crianças nascem em incubadoras. Dessa maneira, a obra mostra um contraponto
entre as sociedades tidas como primitivas e modernas, nos levando a reflexão do
conceito de civilização.
No livro, a sociedade civilizada é aquela em que o ser
humano é visto como uma máquina, orientado especificamente para o trabalho e
para a produção. Nesse contexto, qualquer coisa que prejudique a produtividade,
como a família e emoções como o amor foram abolidas. Todos pertencem a todos.
Além disso, o hedonismo e um objetivo, obtido seja por meio do sexo ou de
drogas como o alucinógeno SOMA.
Em um ambiente onde as pessoas não são condicionadas a
questionar, as atitudes de Bernard e John são vistas como subversivas,
principalmente as de John, uma vez que o rapaz é sensível, expressa seus
sentimentos e conhece a obra de William Shakespeare, e se espanta com aquela
sociedade estruturada racionalmente, tanto que o título do livro foi retirado
da peça A Tempestade, a última escrita pelo Bardo, e que expressa esse
estranhamento.
Aldous Huxley escreveu Admirável Mundo Novo em 1932 e hoje,
80 anos depois, é impressionante a capacidade profética da obra, uma vez que
muitas das situações expostas no livro já são observadas na sociedade atual.
Uma leitura obrigatória, que nos leva a reflexão sobre o papel da ciência, o
avanço do capitalismo e a importância da reflexão crítica, das emoções e da
literatura como instrumentos de transformação da sociedade.