domingo, 20 de dezembro de 2015

Amuleto, Roberto Bolaño

Bom, Amuleto é a prova de que meu professor de Estudos Literários tem um gosto maravilhoso pra livros. Esse semestre ele nos deu uma lista com alguns livros, de onde deveríamos escolher um para ler e fazer uma análise valendo metade da nota do semestre. Porém, lá fui eu procurar a sinopse de todos e não me encantei por nenhum. Eis que na aula seguinte, quando já havia perdido as esperanças, meu professor escreve na lousa "BOLAÑO, Roberto. Amuleto" e diz que gostaria de acrescentar esse livro à nossa lista de opções. Meu semestre foi salvo.

Amuleto é um livro maravilhoso, porém, é péssimo como objeto de resenha porque, a meu ver, não pode ser resumido.

A narradora é Auxílio Lacouture, uma uruguaia que vive na Cidade do México e tem um estilo de vida um tanto exótico. Ela vive se hospedando de favor na casa de amigos, faz uns bicos de faxineira na faculdade e na casa de León Felipe e Pedro Garfias, mas a verdadeira paixão é a literatura. Por isso, frequenta a Faculdade de Filosofia e Letras e os bares onde os jovens poetas costumam se encontrar.

Pra mim a parte mais maravilhosa é a quantidade de referências históricas que o livro dá, é aquela sensação de "tenho que ler com o google aberto". Auxílio conhece poetas, pintoras, sobrevive ao massacre de Tlatelolco (escondida em uma cabine no banheiro feminino do quarto andar da faculdade lendo poemas de Pedro Garfias)... E todos esses personagens e, infelizmente o massacre, são reais. Inclusive, a própria Auxílio é inspirada em uma pessoa real: Alcira Soust Scaffo.

Ao mesmo tempo em que se perde em devaneios, Auxílio fala muito através de metáforas, por isso é um livro que pede bastante atenção. E o final é a chave de tudo. Tem tantas outras coisas que eu gostaria de dizer sobre esse livro, mas não quero tirar a graça da descoberta de alguém que vá ler, então só digo: leiam (rs).

Amuleto é um livro que me fez pensar ainda mais na cultura latina, pesquisar sobre poetas, acontecimentos e o massacre de Tlatelolco na Cidade do México. A sensação que eu tenho é que ele abriu meus horizontes e por isso mesmo se tornou um dos meus livros favoritos. Super recomendo a leitura!