· Título
Original: Emma
· Autor: Jane
Austen
· Editora: Saraiva de Bolso
· Tradução:
Ivo Barroso
· Número de
págs: 496
Quando
fiquei designada para escrever sobre Emma para o blog, por ocasião dos festejos
do Bicentenário da Obra, comemorado no biênio 2015/2016, percebi que uma
releitura, adiada há algum tempo, seria inevitável. Li o livro pela primeira
vez em 2011, e planejava reler desde 2013, quando comecei a assistir a websérie
Emma Approved.
Você
que está lendo esse texto deve estar imaginando que eu não gosto do livro. O
problema não é esse. Emma é uma das histórias mais interessantes construídas
pela Jane Austen, por representar seu auge como escritora, e possui as versões
modernas mais legais. Porém, a trama demora a me envolver.
Sinopse: Bonita, inteligente,
rica — e solteira —, “Emma” é mimada por seu pai, adorada pela sociedade e
amada pelos seus amigos e, por isso, não quer e acredita que não precisa de
envolvimentos amorosos ou casamento. Porém, uma das coisas que mais gosta de
fazer é tentar resolver a vida romântica de outros. Mas quando ignora os avisos
de seu bom amigo Mr. Knightley e tenta arranjar um companheiro apropriado para
sua protegida Harriet Smith, faz planos que têm consequências inesperadas. Com
sua heroína imperfeita, mas charmosa, “Emma” é muitas vezes citado como a
melhor obra de Jane Austen. O livro foi publicado em dezembro de 1815,
porém a data na capa é 1816, por isso a comemoração do Bicentenário durará dois
anos.
O
legal de uma releitura é que, o conhecimento prévio dos fatos permite nossa
atenção esteja voltada a outras coisas, como os recursos narrativos e de
linguagem, como o discurso livre indireto, utilizados pela autora, e a
percepção dos reais sentimentos dos personagens ao longo da história, como
todas as alusões que Frank Churchill faz de uma possível ligação amorosa entre
Jane Fairfax e o Mr. Dixon na verdade dizer respeito a seu compromisso com a
dama em questão.
Emma
tem um grande número de personagens. Alguns deles cumprem a cota essencial em
uma comédia de costumes, caracterizada pela sátira social, sempre presente nas
obras da Jane, como o Mr. Woodhouse, com sua preocupação excessiva com a saúde
de todos e aversão a mudanças; Miss Bates, a solteirona prolixa, de quem todos
gostam; e a Mrs. Elton, que na pretensão de parecer muito elegante, só consegue
ser vulgar e muito irritante. Porém, os personagens mais interessantes são os
principais.
Emma
Woodhouse é uma heroína imperfeita. Já escrevi anteriormente (aqui) que
aprendemos com ela a não acharmos que somos as donas da verdade. Apesar de
manter as aparências, e ser adequadamente sincera, ela é bem apegada ao status social.
Mas é interessante acompanhar ela “quebrando a cara”, como ela estava cega aos
verdadeiros sentimentos do Mr. Elton e do Frank Churchill, ou ao fato de
ofender alguns personagens por se achar no direito de poder dizer o que quiser;
e aprendendo com esses erros. Harriet
Smith é a jovem e bela nova amiga de Emma. Não me julguem, eu não gosto da Harriet,
ela é influenciável e ingênua demais, e não tenho paciência com gente assim. É
notável como a previsão do Mr. Knightley estava certa, de a amizade entre as
duas era uma péssima ideia. Jane
Fairfax é uma personagem reservada, inteligente, elegante e muito paciente.
Gostaria que ela tivesse mais espaço na obra. Emma, por Jane representar um
esforço de sua parte quanto a cultivo de uma amizade, perdeu a oportunidade de
ter uma grande amiga.
George
Knightley é o melhor personagem do livro. É muito inteligente, perspicaz e
sensato. Minhas partes favoritas no livro são os diálogos dele com a Emma. Frank
Churchill seria a versão masculina da Emma, não sendo à toa eles se darem tão
bem. Mesmo que suas atenções a ela tenham como objetivo esconder seu
compromisso com Jane Fairfax, considero a amizade entre os dois sincera. Suas
atitudes ao longo da história não o recomendam, mas com charme e bom humor
conquista todo mundo.
As
versões mais importantes são:
Emma,
filme de 1996, com Gwyneth Paltrow e Jeremy Northam.
Emma,
filme para TV de 1996, com Kate Beckinsale e Mark Strong.
Emma,
série para TV de 2009, com Romola Garai e Jonny Lee Miller.
Clueless,
filme de 1995, com Alicia Silvertone (Cher) e Paul Rudd (Josh). Conhecida no
Brasil como As Patricinhas de Bervely Hills.
Aisha,
filme indiano de 2010, com Sonan Kapoor (Aisha) e Abhay Deol (Arjun).
Emma
Approved, websérie de 2013-2014, com Joanna Sotomura e Brent Bailey (Alex
Knightley).