Título: Memórias Póstumas de Brás Cubas
Autor: Machado de Assis
Editora: Clássicos Abril Coleções
Páginas: 336
Muitos de nós, inclusive leitores assíduos, ficam com preguiça só de pensar na literatura brasileira clássica. A escola, infelizmente, ao obrigar a leitura dessas obras sem considerar a adequação de tema e estilo com a idade do estudante, acaba colaborando com o desinteresse. No fim das contas, todos leem mais ou menos, apenas o suficiente para serem aprovados e criam uma barreira eterna contra a literatura clássica. Com "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, a coisa não é diferente.
O livro é narrado em primeira pessoa, com uma linguagem simples e direta, por Brás Cubas, o qual conta sua história de vida depois que já morreu, sendo, como ele mesmo define, "um defunto autor". A obra é uma autobiografia, que conta desde infância privilegiada do narrador até o dia de sua morte. Além disso, há um foco nos relacionamentos amorosos, em especial, com Virgília, que era casada com seu amigo.
O romance é considerado pro muitos críticos um dos precursores do realismo no Brasil, uma vez que não existem personagens típicos românticos (heroi, mocinha, vilão, etc), todos são, em algum momento, orgulhosos, hipócritas e interesseiros. Outra característica importante da obra é o fato de esta não ser uma narrativa linear, o autor vai contando de forma intercalada os acontecimentos da sua vida, ora relembra a infância, ora algum episódio da vida adulta, como próprio narrador diz no capítulo LXXI "(...) e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e a á esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...".
A ironia de Machado de Assis está bastante presente em toda obra, tanto na construção dos personagens, como em determinadas reflexões feitas pelo narrador e ainda na organização do livro, tal como ocorre no capítulo intitulado de "De como não fui ministro d´estado", o qual é composto apenas por reticências. É interessante também destacar a presença de intertextualidades como passagens bíblicas e outros textos clássicos, fato que evidencia o grande conhecimento do autor, que até os dias atuais é representado como homem branco, mas que, na verdade, era negro e pobre.
O recurso da metalinguagem colabora para que o leitor tenha uma identificação maior com a obra e é muito bem explorada em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", como, por exemplo, no capítulo "O delírio" em que o narrador diz: "Se o leitor não é dado à contemplação destes fenômenos mentais pode saltar o capítulo, vá direto á narração.".
Autor: Machado de Assis
Editora: Clássicos Abril Coleções
Páginas: 336
Muitos de nós, inclusive leitores assíduos, ficam com preguiça só de pensar na literatura brasileira clássica. A escola, infelizmente, ao obrigar a leitura dessas obras sem considerar a adequação de tema e estilo com a idade do estudante, acaba colaborando com o desinteresse. No fim das contas, todos leem mais ou menos, apenas o suficiente para serem aprovados e criam uma barreira eterna contra a literatura clássica. Com "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, a coisa não é diferente.
O livro é narrado em primeira pessoa, com uma linguagem simples e direta, por Brás Cubas, o qual conta sua história de vida depois que já morreu, sendo, como ele mesmo define, "um defunto autor". A obra é uma autobiografia, que conta desde infância privilegiada do narrador até o dia de sua morte. Além disso, há um foco nos relacionamentos amorosos, em especial, com Virgília, que era casada com seu amigo.
O romance é considerado pro muitos críticos um dos precursores do realismo no Brasil, uma vez que não existem personagens típicos românticos (heroi, mocinha, vilão, etc), todos são, em algum momento, orgulhosos, hipócritas e interesseiros. Outra característica importante da obra é o fato de esta não ser uma narrativa linear, o autor vai contando de forma intercalada os acontecimentos da sua vida, ora relembra a infância, ora algum episódio da vida adulta, como próprio narrador diz no capítulo LXXI "(...) e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e a á esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...".
A ironia de Machado de Assis está bastante presente em toda obra, tanto na construção dos personagens, como em determinadas reflexões feitas pelo narrador e ainda na organização do livro, tal como ocorre no capítulo intitulado de "De como não fui ministro d´estado", o qual é composto apenas por reticências. É interessante também destacar a presença de intertextualidades como passagens bíblicas e outros textos clássicos, fato que evidencia o grande conhecimento do autor, que até os dias atuais é representado como homem branco, mas que, na verdade, era negro e pobre.
O recurso da metalinguagem colabora para que o leitor tenha uma identificação maior com a obra e é muito bem explorada em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", como, por exemplo, no capítulo "O delírio" em que o narrador diz: "Se o leitor não é dado à contemplação destes fenômenos mentais pode saltar o capítulo, vá direto á narração.".
Talvez os texto machadianos exijam do leitor certa maturidade que o leve a perceber as importantes críticas sociais por ele levantadas, bem como as nuances que conferem a ele o título de clássico. Por isso, é essencial que você, assim como eu fiz, conceda uma segunda chance. Garanto que você será obrigado a concordar com a crítica de que Machado de Assis representou (e ainda representa) uma inovação necessária e genial na nossa vasta e excelente literatura.