Anne with an 'E' estreou na Netflix no dia 12 de maio, e já arrebatou uma legião de corações. Perfeita para fãs de dramas e comédias leves, possui um contexto histórico consistente, e uma fidelidade literária digna de menção.
Para aqueles que não sabem, Anne with an 'E' é uma adaptação da obra literária de Lucy Maud Montgomery, Anne de Green Gables. Publicado em 2015 pela editora Pedrazul, a obra esgotou nos estoques, motivando a publicação das demais obras da série - composta ao todo por 8 livros. Sendo assim, assistir Anne with an 'E' requer certo recorte histórico... e uma caixinha de lenços.
Para aqueles que não sabem, Anne with an 'E' é uma adaptação da obra literária de Lucy Maud Montgomery, Anne de Green Gables. Publicado em 2015 pela editora Pedrazul, a obra esgotou nos estoques, motivando a publicação das demais obras da série - composta ao todo por 8 livros. Sendo assim, assistir Anne with an 'E' requer certo recorte histórico... e uma caixinha de lenços.
Composta por 7 episódios, a primeira temporada de Anne foi um sucesso absoluto. Apresentando a protagonista, o primeiro episódio conta com 1h30' de duração, numa espécie de filme com final aberto. A história da pequena Anne é tocante, e infelizmente mais real do que parece, o que a torna ainda mais comovente. Pequena, magra, ruiva numa sociedade que despreza essa característica, pobre e orfã desde os 3 meses de idade, sofreu maus bocados na infância. Adotada e devolvida diversas vezes, trabalhou desde muito cedo para sobreviver, em casas de diversas famílias, como empregada, babá, cortando lenha, presenciando e sofrendo humilhações e agressões - cenas abordadas pela série em formato de flashes de memória.
Mas a série começa com os irmãos Cuthbert. Marilla e Matthew são já senis donos de Green Gables, no condado de Avonlea. Solteiros e sem filhos, o trabalho começa a se tornar pesado demais, e os dois decidem adotar um menino para ajudar nos cuidados com a terra e os animais. Mas um erro de comunicação lhes trás Anne, que muda a vida de Green Gables completamente.
Com uma mente livre e um talento nato para se meter em confusão, Anne vai aos poucos conquistando seu lugar na família Cuthbert, na sociedade de Avonlea e no mundo.
Acredito que a palavra-chave em questão seria FAMÍLIA.
Uma lebre que foi levantada nos últimos anos, a definição de "família" é com certeza o tema central da série. Quando dois irmãos decidem adotar uma criança, como filha - não como empregado, a sociedade começa a olhar de forma diferente para os Cuthbert, não por serem estranhos, ou estarem errados, mas poque era uma atitude nova. Tanto no livro quanto na série esse tema foi bastante destrinchado, mostrando uma menina que apenas queria ser parte de uma família, e todos os desafios que lhe foram apresentados.
Não vou dar spoilers, mas como leitora da obra original posso garantir a fidelidade da série em relação a obra literária. A escolha dos atores para representar esses personagens tão únicos foi perfeita. Fiquei impressionada positivamente com Geraldine James, atriz que interpreta Marilla, e o faz de maneira verdadeiramente convincente. Mas os aplausos vão para a pequena Amybeth McNulty, atualmente com 15 anos - fato que eu fiquei assustada ao descobrir, porque ela realmente parece uma criança - que dá vida e voz à pequena Anne, é esperta o suficiente para entender a personalidade e vivê-la com veracidade.
Preciso ressaltar a fotografia e ambientação da série com uma palavra que Anne gosta bastante: Deslumbrante! A fazenda é exatamente como imaginamos ao ler as palavras de Montgomery, e a fotografia nos transporta para 1878, época em que se passa a história.
A série apostou em focar não apenas em Anne, mas em assuntos delicados que são abordados no livro, alguns de forma profunda, outros de forma superficial. Bullying, violência e trabalho infantil, relação homo afetiva entre mulheres, igualdade de gênero, são grandes temas que compõem o drama de Montgomery, que possui um tom mais cômico do que a série apresenta.
Mas a aposta da Netflix cumpriu sua proposta, trazendo as fantasias infantis da pequena órfã, e as relações entre as pessoas, sempre pautadas em amor e aceitação. A série também traz alguma contemporaneidade, modernizando um pouco o linguajar vitoriano original, o que é ousado - como todo jogo em que envolve riscos, não acerta sempre, mas também não se afasta de todo da comédia dramática de Montgomery.
Por fim, só podemos aguardar a atualização da série na plataforma, e a publicação das continuações pela Pedrazul, que já anunciou a pré-venda de Anne de Avonlea no site oficial (clique aqui e saiba mais). Eu já garanti o meu. Corra e garanta o seu também com preço promocional de pré-venda!