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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

BEDA #25 - [RESENHA] Enquanto Bela Dormia - Elizabeth Blackwell

Título Original: While Beauty Slept
Título no Brasil: Enquanto Bela Dormia
Autora: Elizabeth Blackwell
Tradução: Vera Ribeiro
Editora: Arqueiro
Páginas: 368
Sinopse: “Nos salões de um castelo, uma confidente leal guardou por muitos anos os segredos de uma rainha linda e melancólica, uma princesa que só queria ser livre e uma mulher que sonhava com a coroa. Esta é sua história.
Ambientada em meio ao luxo e às agruras de um reino medieval, esta releitura de A Bela Adormecida consegue ser fiel ao clássico ao mesmo tempo que constrói uma narrativa recheada de elementos contemporâneos. Nessa mescla, os dramas de seus personagens – um casal infértil, uma jovem que não aceita viver em uma redoma e uma família despedaçada pela inveja – tornam-se atemporais.
Quando a rainha Lenore não consegue engravidar, recorre aos supostos poderes mágicos da tia do rei, Millicent. Com sua ajuda, nasce Rosa, uma menina linda e saudável. No entanto, a alegria logo dá lugar às sombras: o rei expulsa de suas terras a tia arrogante, que então jura se vingar. Seu ódio se torna a maldição que ameaça a vida de Rosa. Assim, a menina cresce presa entre os muros do castelo, cercada dos cuidados dos pais e de Flora, a tia bondosa e dedicada do rei que encarna a fada boa do conto original.
Mas quando todas as tentativas de proteger Rosa falham, é Elise, a dama de companhia e confidente da princesa, sua única chance de se manter viva. E é pelos olhos dessa narradora improvável que conhecemos todos os personagens, nos surpreendemos com o destino de cada um e descobrimos que, quando se guia pelo amor – a magia mais poderosa do mundo –, qualquer pessoa é capaz de criar o próprio final feliz.”

Enquanto Bela Dormia é uma incrível e comovente releitura do clássico A Bela Adormecida, contada à partir da perspectiva de uma criada, narrada em primeira pessoa, quando ela própria conta sua história anos depois.

Elise é uma menina pobre, filha de camponeses, e a única menina entre vários irmãos. Sua vida muda inesperadamente, e ela se vê trabalhando no castelo, onde sua mãe trabalhou no passado. A princípio ocupando uma posição bastante baixa, aos poucos vai galgando novos conhecimentos, e vai promovendo sua posição, ate chegar a Dama de Companhia da Rainha. Nesse momento, Elise passa a conhecer todos os dramas vividos pela família real, e vem a se tornar a melhor amiga da Rainha e de sua filha, Rosa.
Elise nos apresenta velhos personagens sob uma luz completamente diferente: As fraquezas do Rei, os segredos da rainha, os anseios de Millicent - que conhecemos por Malévola. Temos também Flora, que longe de ser uma fada, é uma senhora sábia e sofrida, incapaz de fazer mal a alguém, e também irmã de Millicent. 
O livro reconta a história que todos conhecemos numa perspectiva real, nada de fadas que voam, vestidos que mudam de cor, feitiços mágicos, nem ninguém sumindo numa núvem de fumaça. Mas a trama permanece, e passamos a enxergar o mundo de Bela/Rosa de uma maneira mais concreta.


O fato é que passamos a vivenciar a história de dentro do castelo. Sofremos, levamos sustos, nos surpreendemos, choramos, sorrimos. A história se torna super comovente, nos trazendo novos heróis, novos personagens secundários, novos fatos - esclarecedores. 

Pude perceber que a autora de fato leu as obras iniciais de Giambatista Basille e/ou dos Irmãos Grimm, pois alguns fatos que aparecem lembram muito a narrativa daqueles que inicialmente escreveram essa história milenar. Não é uma obra rasa de alguém que leu um livro infantil e decidiu adaptar. Não. É uma obra complexa, profunda, sensível e única. Uma ótima releitura que eu recomendo com o maior prazer!

domingo, 18 de outubro de 2015

Era Uma Vez...Uma Saga Encantada

Por Thais Sarmento
       Era uma vez uma escritora que resolveu reescrever os contos mais amados do mundo e transformá-los em historias surpreendentes, cheias de magia, mistérios, traições e paixão.

       Assim que Sarah Pinborough uma escritora de ficção e terror apresenta em uma saga fascinante o primeiro livro Veneno que conta a história de Branca de neve, uma jovem linda que é incompreendida por sua linda, porém fria madrasta. A historia revela vários traços de personalidades ocultos dos personagens tão conhecidos por nós de forma brilhante, onde o leitor se vê torcendo por outros finais felizes além dos principais.
       Narrada pelo ponto de vista da Madrasta, Branca de Neve e o Caçador o livro tem acontecimentos impressionantes, amores tórridos, muitos feitiços e príncipes não tão encantados assim. Branca e uma jovem com personalidade forte, que quer ser livre e sua madrasta uma mulher amarga e incompreendida que procura fazer tudo ao seu modo.
       O livro possui um final impressionante que com certeza choca todos os leitores, mas no bom sentido! O segundo livro da saga Feitiço narra a historia da linda e ruiva Cinderela, uma garota sonhadora e um pouco mimada. Seguindo a linha do primeiro livro Feitiço traz surpreendentes mudanças na personalidade dos personagens, que os torna mais reais e humanos com características boas e ruins.
       Feitiço é sequência da história, onde Cinderela entrelaça seu conto ao primeiro livro ao ter com fada madrinha ninguém menos que a madrasta de Branca de Neve, selando assim seu destino com um acordo em que a fada madrinha pede algo em troca dos lindos sapatinhos de cristal. Com acontecimentos seguindo o conto tradicional, mas contada de forma muito original em com algumas surpresas interessantes, o segundo livro me prendeu e surpreendeu do início ao fim mantendo uma integração entre os de personagens de um livro a outro.
       O terceiro livro chamado Poder é contada a historia de um príncipe que é mandado por seu pai para viver uma aventura, guiado por um excelente caçador, conhecido pelos leitores da saga por aparecer nos livros anteriores.
       Nessa aventura os dois homens estão na busca de um castelo que segundo a lenda local esta sob o efeito de uma maldição de que dizimou toda a população e destruiu o reino ao aprisioná-los em um sono profundo e perturbador. No trajeto os dois homens conhecem uma personagem bastante conhecida nos contos de fadas, Petra uma jovem de capa vermelha que adora andar pela floresta que rodeia a casa da sua adorável avó.
       Este terceiro livro é muito interessante por envolver vários contos de fadas diferentes em uma única historia formando um enredo fantástico e que de forma inteligente seguem o mesmo caminho. Poder contar melhor a historia dos personagens coadjuvantes dos livros anteriores ao ser narrada pelo ponto de vista do caçador e príncipe.

       Que vocês tenham uma boa leitura e continuem em busca de um Final Feliz.

  • Título Original: Poison, Charm and Beauty
  • Título no Brasil: Veneno, Feitiço e Poder
  • Autora: Sarah Pinborough
  • Editora: Única
  • Tradução: Edmundo Barreiros
  • Páginas: 672

sábado, 27 de junho de 2015

Quem é o narrador da sua história?





  • Título: O Livro dos Vilões
  • Autor: #Stepsisters - Cecily von Ziegesar; Menina Veneno - Carina Rissi; The Deeper the Thorn - Diana Peterfreund; A Menina e o Lobo - Fábio Yabu
  • Editora Galera Record
  • Tradução: Ryta Vinagre
  • Número de págs: 320

  • Hoje não trago apenas mais uma resenha. Sempre gostei de livros “vazios”, daqueles que não trazem uma análise, mas sim uma história linear fechada, com início, meio e fim. E, por mais bobo que possa parecer, O Livro dos Vilões é exatamente o oposto. Você pode pensar “ah, mas conto de fada é coisa de criança”. Só tenho uma coisa a dizer: Você está errado.


    Sempre consideramos que vilão é coisa de novela ou de história. Mas você já parou pra pensar que na SUA história existe um vilão? Ou mais, já pensou que VOCÊ pode ser o vilão da história de alguém? Cecily von Ziegesar e Carina Rissi trouxeram histórias que mostram que no “mundo real” podem existir  vilões. A velha história da madrasta que não suporta a enteada pode parecer boba, mas existe, possivelmente você encontra uma no seu bairro, na sua rua talvez. Já Diana Peterfreud mostra que dentro de cada um de nós existe um vilão em potencial, e ele se mostra quando nos decepcionam. Alguns chamam de “vingança”, Diana chama de “lado vilão”. E Fábio Yabu cria uma história espetacular a partir da fábula da Chapeuzinho Vermelho. E foi essa história que me fez chegar a seguinte pergunta: Quem narra a sua história?


    As narrativas do Livro dos Vilões são feitas a partir dos personagens considerados vilões das histórias tradicionais, respectivamente as irmãs da Cinderela, a madrasta da Branca de Neve, Malévola (bruxa da Bela Adormecida) e o Lobo Mau. É interessante imaginar como seria o outro lado das histórias que nossos pais contavam pra gente dormir. E sempre nos imaginávamos na pele dos heróis, príncipes, heroínas e princesas dessas histórias. Mas nunca ninguém se imaginou na pele dos malvados, dos vilões. Mas nossas escolhas no nosso dia a dia estão nos levando por qual caminho?
    Os quatro autores aqui citados demonstraram uma criatividade indubitável na hora de criar esses contos (confesso que imaginar uma “vingancinha” da Gata Borralheira me deu um certo orgulho da mocinha). Todos trazem uma pequena reflexão para cada um de nós: “Ate onde vai a inocência de alguém?”, “Ate onde iríamos pelo sucesso, pelo dinheiro, pela “normalidade”?”, “Será que vale a pena mentir para ser aceito?”, “Porque somos o que somos? Seríamos diferentes se tivéssemos escolha? Temos essa escolha?”. Toda história possui vários lados, vários ângulos, vários pontos de vista.
    Não estou questionando aqui a origem dos contos de fada, nem se estão certos ou errados. São histórias inventadas a partir de uma vertente, e qualquer ser racional e criativo pode inventar histórias a partir da mesma vertente. Apenas inverto os papéis, tornando você, leitor, no personagem. Quem é você na história em que você vive? Você é o narrador da sua história, ou existe um narrador que não você, te tornando apenas mais um personagem controlado pela narração? Afinal, por que o Lobo Mau é mau? Por que a rainha má é má? Por que o príncipe encantado é encantado? Consegue entender onde quero chegar?
    Os seres dos contos são o que são. São seres inanimados, inventados por alguém, e eles são o que esse alguém diz que eles são. Mas você não é assim. Você é racional, criativo, capaz de fazer escolhas e responder por suas consequências. Não podemos deixar que narrem nossa história, que definam quem somos, que nos obriguem a seguir um roteiro. Ao nascermos – sim, nascemos, não ‘fomos inventados’ – recebemos um presente chamado Livre Arbítrio, que é como se fosse uma caneta, com a qual escreveremos nossa história. Quando nos tornamos adultos, essa “caneta” é deixada exclusivamente em nossas mãos. E o que temos feito? Colocado nas mãos de outras pessoas para que escrevam nossa história? Ou temos sido nossos próprios narradores, escrevendo, vivendo?

    O Livro dos Vilões me trouxe essas questões, e, caro leitor, a uma conclusão cheguei: Ninguém nasce mocinho ou vilão. Todos temos o potencial dentro de nós, para o bem e para o mal, e os usamos alternadamente, o que nos torna vilões em alguns casos, mocinhos em outros. Não significa que vamos envenenar alguém  à certa altura, nem que seremos envenenados, mas em coisas pequenas: praticar bullying ou defender uma vítima? Devolver uma carteira perdida ou ficar com o dinheiro? Rir e filmar alguém que caiu na lama ou ajudar? Quem decide se você é vilão ou mocinho é você. Você é o narrador da sua própria história. Escreva!