sábado, 5 de setembro de 2015

Conversando com Jane Austen


       No último sábado, dia 29 de agosto de 2015, aconteceu, em Florianópolis, o Sarau Literário Conversando com Jane Austen; evento organizado pela Fine Destinations e com apoio da Sur Livraria (ambos nossos parceiros). Fomos convidadas a participar, como parceiros, e eu (Michelle '3') tive a honra e o prazer de representar As Garotas de Pemberley em Santa Catarina. Um vôo rápido, mas com grandes promessas!
       Não fui sozinha. Outra Garota de Pemberley, Kerolaine Rinaldi, foi comigo. Fomos super bem recepcionadas [agradecemos imensamente à equipe por isso!], tomamos um chá inglês com direito a bolo com receita internacional [ainda posso sentir o gosto daquela maravilha...], divulgamos nosso blog [nosso bebê] e nos divertimos muito! O tema desse mês foi o livro Mansfield Park, o terceiro livro da nossa querida Jane Austen. Falamos então de sua vida e suas obras no geral. Concluímos que é impossível falar de um livro da Austen sem falar nos outros, ou em sua vida... Vimos também que esse é um livro bastante contraditório, ou você ama ou você odeia. Por sorte, nós amamos!
Participantes do Sarau
       Começamos falando sobre o enredo. Como Jane Austen sempre gostou de mostrar a divisão clara entre classes na sociedade britânica, dessa vez não foi diferente. Pobres e ricos interagindo, por vezes tendo as mesmas raízes, são traços bem comuns da literatura de Austen, o que torna suas histórias sempre mais reais, mais gostosas, mais elaboradas. Vou falar pra vocês, sem mais enrolação, sobre Mansfield Park!
 

  • Título Original: Mansfield Park
  • Título no Brasil: Mansfield Park
  • Autora: Jane Austen
  • Editora: Landmark (edição bilíngue)
  • Tradução:
  • Páginas: 552
Não é comum ouvir de alguém que "não gosta de Mansfield Park". É bem verdade que ele é o romance menos romântico de Austen, contudo esse livro não deve ser visto como 'mais um' livro de Jane, e sim como seu livro mais sério, mais maduro, mais sóbrio. Inicialmente desconstruindo aquela imagem de "final feliz" (só inicialmente... porque  o final feliz existe), não existindo uma heroína forte e excêntrica,  nem um herói/mocinho perfeito. O que vemos na construção dos personagens são pessoas comuns, falhas, em muitos momentos egoístas, mesquinhas, egocêntricas, falsas. Por exemplo, temos  o Sir Bertram, um homem oponente, rico, mas que está falindo, que não tem controle da família, e muito influenciável; Lady Bertram, que enxerga seus filhos como perfeitos, mal percebendo quantos defeitos os envolvem; Sra Noris, que reveste uma capa de 'mulher perfeita', mas é egoísta, persuasiva, que gosta de tomar para si a glória dos outros; Thomas Bertram, o herdeiro de Mansfield, que gasta a fortuna da família com divertimentos, bebedeiras, mulheres e jogos, e não tem um amigo que preste; Edmund Bertram, que aparenta uma sobriedade e uma seriedade tal, mas que é um bobo influenciável, ingênuo, muitas vezes fraco; Fanny Price, aparentemente fraca e inocente, tímida e doente, mas que se mostra decidida, perspicaz, observadora, esperta. 
Mansfield Park vem nos mostrando que as pessoas são muito além daquilo que elas mostram ser. Aqueles que eram tidos como os mais importantes, os mais espertos, os mais queridos, tornam-se os vilões da história. Ta, não necessariamente vilões, mas são os que dão desgosto e fazem vergonha. Literalmente. Nos ensina que para conhecer pessoas devemos conviver com elas, e observar suas atitudes, palavras, ações, antes de confiar neste ou naquele. 
No decorrer da história, dois personagens chave aparecem: Mary e Henry Crawford. Considerados jovens excelentes, tinham boa aparência, considerável fortuna, e muita influência. Mas a história revela dois irmãos interesseiros e espertos. Conquistaram a confiança de todos... aliás, quase todos. Fanny sempre teve um "pé atras" com os dois, e se mostrou mais esperta do que todos ao final.

Tudo isso foi discutido no nosso sarau. E vai deixar saudade. Se eu pudesse, iria a todos!