- Título Original: Mr. Darcy's Diary
- Título no Brasil: O Diário de Mr. Darcy
- Autora: Amanda Grange
- Editora: Pedrazul
- Tradução: Andrea Carvalho
- Páginas: 220
Quem de nós nunca suspirou pelo Mr. Darcy? Toda fã de Jane Austen conhece [
Quando lemos Orgulho e Preconceito, nossa primeira impressão em geral é de que Darcy é um homem orgulhoso, preconceituoso, prepotente e arrogante. Não faz questão de fazer novos amigos, não gosta de dançar, possui um olhar presunçoso, e suas conversas são, em geral, monossilábicas. É fácil definir seu caráter logo no princípio. Contudo, Amanda nos traz um Darcy que no início eu não reconheci [
O que eu acho mais legal no Diário de Mr. Darcy é a oportunidade que temos de conhecer o verdadeiro Mr. Darcy. Um homem tímido - que conhece esse defeito e o admite, corajoso e generoso. Tais características são apenas elucidadas em Orgulho e Preconceito, e aqui são bastante aprofundadas. Um livro que nos leva a entender o universo de um homem que nunca se abriu com ninguém, nem mesmo com seus amigos mais próximos; Que nos faz sentir os sentimentos de alguém que por muito tempo não se permitiu sentir; Que nos faz compreender suas lutas, e lutar com ele.
Ao contrário daquela primeira impressão, conhecemos um Darcy que não sabia de tudo, que enfrenta desafios ao cuidar de sua irmã, que sente falta de sua mãe. Um Darcy que pensa nas pessoas ao seu redor, e que cativa a lealdade e a confiança não pelo dinheiro, mas pelo caráter. Um Darcy sensível e tímido, que tem medo de se expôr, e por isso quase não conversa com desconhecidos. Um Darcy generoso, capaz de dar mais do que deve à quem não merece.
No início do livro, eu fiquei meio em choque com algumas coisas. 1) Um Bingley como uma espécie branda de mulherengo - Bingley é um homem doce e amável, mas não acredito que ele possa ser desses que se apaixona e "desapaixona" facilmente; 2) Darcy chamando Georgiana por um apelido carinhoso - por mais que ame sua irmã, não seria de seu gênero chama-la de Georgie, ate porque Jane Austen nos mostra que ela o temia, então não poderia haver muito carinho entre os dois; 3) Um Darcy que está sempre sorrindo, ou querendo sorrir - um homem desse não poderia ser tomado por arrogante e insensível. Mas nada disso me fez desgostar do livro.
Fiz a leitura tendo em mente que quem o escreveu foi uma fã, como eu, como você. E nem sempre compartilhamos das mesmas impressões sobre fatos e personagens literários. Achei que Amanda foi muito feliz com as datas. Ela conseguiu casar os fatos aos períodos corretos, e não deixa ninguém perdido na narrativa. Em momento algum ela foge a história original e os diálogos são as conversas exatas descritas por Austen.
Provavelmente, o clímax do livro foi sua rejeição. É nesse momento que Darcy começa a enxergar os próprios defeitos. Ele sempre foi um homem que criticava mentalmente as atitudes alheias, e começou a perceber que ele também poderia ser alvo de críticas, e críticas reais. Viu o quão prepotente era, e o quanto ainda precisava amadurecer para ser um homem verdadeiramente feliz. As vezes precisamos de um tapa na cara para encarar a vida da maneira certa. Darcy precisava. Elizabeth o fez. E ele aproveitou a oportunidade não para ficar se remoendo, mas para abrir os olhos e procurar melhorar. E o fez.
O Diário de Mr. Darcy me fez parar para pensar. "O que será que as pessoas vêem em mim que eu não vejo? Será que eu sou realmente aquilo que eu penso que sou?" Darcy aprendeu sua lição, passou a prestar mais atenção em suas palavras, suas atitudes, e nas pessoas ao seu redor. Coisas que antes eram extremamente importantes para ele perderam o sentido, e o inverso também aconteceu. E Amanda Grange conseguiu captar essas minúncias e passar para nós de uma maneira deliciosa. Minha nota? 10!