“Era uma vez
uma menina, filha de um homem viúvo muito rico, que vivia solitária numa grande
mansão. Um belo dia, seu pai resolveu se casar, e casou-se com uma mulher
ambiciosa e cruel que já tinha duas filhas. Mas ao invés de serem amigas da
pobre menina, logo a dispensaram, e não eram nada simpáticas com ela. Até que
um dia, seu pai morreu, deixando a menina aos cuidados da madrasta má, que a
tornou em empregada. Tirou seus belos vestidos e a fez vestir-se como os outros
empregados da casa. A madrasta e as duas meninas a faziam trabalhar desde o
amanhecer, não lhe dando descanso.
Houve então um
baile na cidade, e todas as jovens foram convidadas. Mas a madrasta não
deixaria que a enteada fosse, e deu-lhe muitas tarefas a cumprir. Mas algo
muito bom aconteceu, e a jovem foi ao baile. Era a mais bela da noite, e logo
conquistou a atenção do jovem anfitrião. Eles conversaram, dançaram, se
divertiram, e se apaixonaram. Mas ela
não poderia ficar por muito tempo, e ao soar da meia noite, saiu correndo para
casa, deixando, na pressa, apenas um acessório seu para trás. E foi, sem nem ao
menos revelar ao jovem a sua identidade.”
Não, eu não
estou falando da Cinderela. Estou falando de Sophie Becket. Coincidência? Acho
que não. Um Perfeito Cavalheiro, o terceiro livro da série “Os Bridgertons”,
nos traz uma deliciosa versão de Cinderela, tendo como protagonistas Sophie,
filha bastarda de um Duque, e Benedict Bridgerton, o segundo filho da família
Bridgerton.
Sophie foi
criada em meio ao conforto, e ainda que não fosse reconhecida como filha do
Duque, tinha todos os privilégios como sua pupila. Foi devidamente educada,
vestida e alimentada com o melhor, ate que o Duque resolveu se casar, e trouxe
a vida da pequena Sophie uma série de desventuras, que após sua morte, se
intensificaram.
A Duquesa
nunca deu a menina o que lhe era devido – o que o Duque lhe havia deixado em
testamento – e Sophie apenas permaneceu na casa porque nesse testamento, o
falecido triplicava a pensão da viúva caso Sophie permanecesse na casa ate seus
20 anos. Contudo, a mulher a tornou sua camareira, e arrumadeira, e
costureira... Sophie nunca ia a festas, jantares ou sarais, e seu único contato
com a movimentada Londres era através das Crônicas da Sociedade de Lady
Whistledown (sim, de novo ela!).
Quando a
família Bridgerton decide por dar um baile, todas as jovens de boa família
foram convidadas, e não se falava em outra coisa, se não os dois homens
solteiros da família, Benedict e Collin. Já estes dois, não estavam gostando
nada nada de serem o centro das atenções de todas as solteiras e suas
respectivas mães durante toda uma noite. Mas o que Benedict não esperava era
que seria nesse baile que uma mulher faria seu coração perder o compasso.
Sophie foi ao
baile escondida, e aproveitou-se do fato de que era um baile de máscaras para
ter sua identidade protegida. Não tinha pretensões ao ir ao baile. Apenas
queria, por uma noite, sentir-se uma pessoa normal, ver pessoas se divertindo,
ouvir pessoas se referindo a ela como uma igual. Sophie também não esperava que
nessa noite, seu coração seria tocado de uma vez para sempre. Contudo, nunca se
esqueceu seu lugar no mundo, e antes que pudesse ser descoberta, foi embora sem
ao menos se despedir.
No dia
seguinte, a vida da menina teria uma reviravolta, e após ser expulsa de casa,
fica dois anos trabalhando de lugar em lugar, de casa em casa, e após o que ela
considerou ser o pior dos seus dias, ela reencontra seu amor, mas este não a
reconhece.
O livro então
traça os caminhos dos dois, então juntos. Benedict promete a Sophie que a
arrumaria um emprego decente, e então eles começam a se aproximar, a se
conhecer, e o amor cresce cada vez mais. Porém, sempre com a classe social a
separá-los. Ambos tinham consciência de que não poderiam se casar, mas não
conseguiam ficar separados.
O interessante
nos livros de Julia Quinn é o quanto ela consegue envolver personagens
secundários, tornando-os tão importantes para a trama. A inteligente Violet
Bridgerton, que conhece seus filhos apenas pelo olhar, a esperta Eloise Bridgerton,
o perspicaz Colin Bridgerton, e, atormentando nossa curiosidade, a sempre
mordaz e onipresente Lady Whistledowm. São, na verdade, esses personagens que
fazem o livro andar, dão mais corpo a trama, e aguçam nossa percepção. Torna a
história mais real.
E por falar em
Lady Whistledowm... Alguém aí já tem alguma ideia de quem seja ela? Como pode
uma mulher saber tudo sobre todos? Mas algo me diz que seus dias estão
contados. Ela afirmou que “se a srta. Featherington de alguma forma conseguisse
arrastar um irmão Bridgerton para o altar, ... esta autora, que admite que não
entenderia nada de um mundo assim, seria forçada a abdicar do posto.” Será que
ela consegue? Vamos torcer... cadê os dedos cruzados?! Vai Penelope!
- Título Original: An Offer from a Gentleman
- Título no Brasil: Um Perfeito Cavalheiro
- Autora: Julia Quinn
- Editora: Arqueiro
- Tradução: Cássia Zanon