quarta-feira, 19 de agosto de 2015

150 Anos de Alice

Esse ano (2015) o livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, completa 150 de publicação. 150 anos encantando crianças, jovens, adultos e idosos com suas fantasias e personagens surpreendentes. Hoje nosso artigo vai falar um pouquinho desse autor e dessa obra tão admirada pelo mundo. "A premiada Edição Comentada e Ilustrada de Alice ganha novo formato, seguindo o padrão da coleção Clássicos Zahar. O livro reúne Aventuras de Alice no País das Maravilhas e sua continuação, Através do espelho e o que Alice encontrou por lá, obras-primas de Lewis Carroll."
  •  Título Original: Alice in Wonderland
  • Título no Brasil: Alice no País das Maravilhas
  • Autor: Lewis Carrol - pseudônimo de Charles Lutwidge Dogson
  • Editora: Zahar
  • Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges
  • Páginas: 416
SINOPSE: “Quando decidiu seguir um coelho que estava muito atrasado, Alice caiu em um enorme buraco. Só mais tarde descobriu que aquele era o caminho para o País das Maravilhas, um lugar povoado por criaturas que misturam características humanas e fantásticas, como o Gato, o Chapeleiro e a Rainha de Copas - e lhe apresentam enigmas.”


A história começa quando Alice está sentada numa ribanceira junto com sua irmã mais velha, que está lendo um livro para adultos. Alice, entediada, começa a pensar e procurar algo que fazer num dia terrivelmente quente, quando nesse momento, ela vê um Coelho Branco de colete e relógio de bolso correndo, que olha as horas e diz: “Por minhas orelhas e bigodes, está ficando muito tarde!” Curiosa, mas não espantada, Alice segue o Coelho Branco e cai pelo buraco de sua toca. A partir daí, embarcamos junto com ela num mundo subterrâneo de fantasia – o País das Maravilhas. No entanto, essa não é uma história qualquer. No mundo de Alice, “quase nada é realmente impossível”.
A partir do momento em que Alice plana [sim, ela não cai, ela plana!] no fundo da toca, inicia uma constante problemática da menina: seu tamanho. Observamos que em diversos momentos Alice está aumentando e diminuindo sua altura; na verdade, nunca tem o tamanho apropriado, sempre precisando ajustar-se aos lugares e situações, quer seja através de uma bebida, um bolo, ou um cogumelo. Contudo, são justamente as mudanças de tamanho que permitem os encontros da protagonista com tantos seres que, de outra forma, não estariam ao seu alcance. A Lagarta, por exemplo. Só é possível conversar com a lagarta porque Alice estava, então, com o tamanho do inseto fumador de narguilé!
Com a Lagarta, chegamos a outra problemática que, como seu tamanho, também a segue no livro: sua identidade.

"- Quem é você?"
"- Não estou bem certa, senhora... Quero dizer, nesse exato momento não sei quem sou... Quando acordei de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes..."


Tantas coisas estranhas acontecem a sua volta que a menina passa a duvidar de si mesma e se pergunta: será que o mundo mudou, ou fui eu? E, para ter certeza de que continua a mesma, Alice tenta se lembrar do que costumava saber: a tabuada, as capitais... mas não acerta em nada.
Nesse país, somos apresentados a diversos personagens, que são, ao mesmo tempo, absurdos e reais, um mais intrigante do que o outro: o Coelho Branco sempre apressado, a Lagarta que fuma narguilé, o Gato cujo sorriso paira sozinho no espaço, o Chapeleiro e a Lebre de Março, ambos loucos assumidos, uma corte de cartas de baralho cuja Rainha irritada manda cortar as cabeças ao menor deslize, a Duquesa que adora achar moral em tudo e constrói frases complicadíssimas...

"- Oh, você não tem como evitar" - disse o gato - "somos todos loucos. Eu sou louco. Você é louca."
"- Como é que você sabe que eu sou louca?"
"- Você deve ser, ou não teria vindo parar aqui."

São muitos diálogos interessantes, e, como Carroll afirmou, “tudo tem uma moral: é só encontra-la”. Devemos enxergar em cada personagem, o reflexo das pessoas que encontramos no nosso dia a dia: alguém que encara a vida de maneira tão simples que é tida como louca, ou uma pessoa que age da maneira que quer, feito criança, ou adultos sempre atrasados em seus afazeres que correm de um para outro lado sem ao menos arriscar uma olhada ao seu redor, ou pessoas que estão tão ocupadas consigo mesmas que não se importam com os sentimentos dos outros... E em Alice, a nossa capacidade de adaptação às mais diversas situações e nossas variações de humor.

Talvez seja verdade: "Somos todos loucos". Mas então, aquele que não é louco é que está errado, não é?

O final do livro traz também uma reflexão sobre a infância, a inocência, a seriedade e a maturidade. A irmã de Alice torce para que, ao crescer, Alice não perca a fé no Mundo das Maravilhas, que mantenha um pouquinho da infância viva dentro dela. Que continue a andar em frente, mas sempre olhando para os lados, admirando, observando, sorrindo. Qualquer mundo tem suas maravilhas. Basta achá-las!