Há quase
dois meses, eu falei aqui no blog sobre um dos meus livros preferidos, Senhora, do escritor brasileiro José
de Alencar. No post sobre o livro, falei sobre suas adaptações
para a TV e comentei sobre Dona Moça, web série inspirada no livro e produzida
pela Adorbs Produções. A web série, que em sua primeira temporada contou com 10
episódios, está na fase final de um processo de financiamento coletivo para
produzir a segunda temporada. Nesta entrevista com as criadoras vocês terão a
oportunidade de conhecer melhor o projeto.
1. Por que Adorbs
Produções?
Maria
Raquel: Adorbs era uma espécie de jargão
que Lydia Bennet, personagem de The Lizzie Bennet Diaries, usava. Tudo
que ela achava fofo ela dizia “Totes adorbs”, algo como “totalmente adorável”.
Quando começamos a legendar a webserie para o português, o nome do grupo de
legendas era Team Adorbs. Nos inspiramos nisso e resolvemos nomear nossa
produtora como Adorbs Produções.
2. Como
surgiu a ideia de adaptar Senhora para web série?
Maria
Raquel: A Chris Salles, uma amiga nossa, comentou comigo no Facebook que seria
bem legal ver Senhora como uma web série ao estilo de Lizzie Bennet Diaries.
Todo mundo se animou e achou que era possível fazermos sim. E aí que começou a
adaptação em si.
3. Quais são
os desafios em se adaptar uma história clássica para os dias atuais?
Maria
Raquel: Com Senhora foi o enredo em si. Hoje em dia não é tão comum ver
casamentos que envolvam dotes e todo o negócio de “compra” de marido. Então
esse foi o principal desafio, já que a história da Aurélia e do Fernando gira
em torno disso. Tivemos que pensar um pouco sobre como poderíamos fazer o
Fernando ser forçado a conviver com a Aurélia hoje em dia.
Jacqueline:
daí que chegamos à conclusão de que a melhor forma de transpor a relação deles
para os dias atuais foi transformá-la em uma relação empregador-empregado.
Afinal, o Fernando do livro não se considerava nada mais que outro servo ou
escravo da Aurélia, e ela mesma já era uma mulher bem autossuficiente e
independente para a época. Transformá-la na chefe dele foi o caminho natural.
4. Como foi
o processo de adaptação? Qual é a tarefa de cada uma nesse processo?
Maria
Raquel: Primeiro tivemos que trazer a história para os dias atuais. Como a
Aurélia seria hoje em dia. Não poderíamos manter a idade dos personagens como
no livro, pois não faria sentido. A gente queria manter a Aurélia como “rainha
dos salões”, que é algo bem marcante na personagem do livro. As festas são bem
importantes pro enredo da história. A solução que encontramos foi transformar a
Aurélia em uma organizadora de festas bem famosa. Assim ela continuou sendo a
“rainha dos salões”. Não teria sentido ter a personagem da Dona Firmina como
uma matrona que acompanha a Aurélia, então a transformamos na Fifi, que cumpre
a mesma tarefa de ser a companheira dela em todos os eventos. Mas algumas
coisas você tem que manter porque se não acaba virando uma história original e
não uma adaptação. A crise financeira dos Seixas foi crucial para ser mantida,
porque é a fagulha do início de todo o enredo. Mesma coisa para o passado de
Fernando e Aurélia/Fernando e Amaralzinha/Fernando, e para todos os personagens
interagindo no mesmo meio e se conhecendo.
Jacqueline:
Outra coisa importante é que nenhuma de nós tem uma tarefa definida no
processo de adaptação em si. Todas damos ideias e discutimos o que faz mais
sentido dentro da história que estamos querendo contar. Todo mundo
participa e dá ideias e todas elas são consideradas em pé de igualdade e depois
testadas para ver se podem ou não dar certo.
5. Vocês já
possuíam experiência nesse tipo de projeto? Tiveram ajuda de outros
profissionais?
Maria
Raquel: A Larissa e a Anna Lívia são
formadas em Audiovisual e já tinham experiência na área. A Jacqueline é formada
em Comunicação Social e já trabalhou em algumas emissoras de TV na área de
jornalismo e produção. A Maynnara também é formada na área de Comunicação,
voltada para Moda. Já eu sou graduanda em Letras com foco em literatura de
língua portuguesa e inglesa.
Jacqueline:
Também convidamos amigos que trabalham na área para fazer a série ter um ar
mais profissional. O Iuri Galletti é nosso diretor de fotografia a Natalie
Rocha é nossa técnica de som. A Elen Godoi faz nossa direção de arte. Sem eles
“Dona Moça” não teria a qualidade que tem. E devemos muito a eles, pois os três
toparam trabalhar com a gente sem receber nenhum tipo de pagamento em troca,
estão nessa por pura camaradagem e amor ao projeto. Eles são os nossos heróis
(risos).
6. Dona Moça
é um projeto transmídia. Qual é a importância dela para quem acompanha a
história? Quem cuida do que?
Maria
Raquel: A transmídia de Dona Moça faz com que os personagens se aproximem dos
espectadores. Ela é parte da história, não apenas algo a mais, pois muita coisa
importante mostrada mais a fundo na transmídia acabam sendo endereçadas de leve
nos vídeos. Porém, é possível entender o enredo apenas assistindo os vídeos, a
transmídia não é crucial para o entendimento.
Quem
coordena a transmídia é a Jacqueline. Ela faz a Fifi nas redes sociais e as
notas de coluna social do Jota Alencar, além de cuidar das
outras redes sociais em geral, como o tumblr (Laboratório
da Nic), o 8tracks (playlist) e os blogs (Adorbs
e Dona Moça Eventos). A Larissa e eu
somos também ajudamos, dividindo a ação dos personagens. A Larissa cuida do
twitter da Nic e da Aurélia e eu faço todas as redes sociais do Fernando,
além de ajudar a Jacque no tumblr e no 8tracks. Mas nada está escrito em pedra.
Sempre que uma não pode fazer um personagem, a outra cobre no lugar.
Todos os tweets dos personagens da série podem ser lidos aqui.
Para ajudar no financiamento da segunda temporada: http://www.kickante.com.br/campanhas/dona-moca-segunda-temporada
No
domingo será divulgada a segunda parte da entrevista.