sexta-feira, 15 de abril de 2016

Entrevista - Marina Carvalho

Pausa para um momento tiete. Se alguém me perguntar qual é minha autora nacional contemporânea favorita, com certeza minha resposta será: Marina Carvalho. Mineira de Ponte Nova, formada em Jornalismo pela PUC Minas, além de escritora, é professora de Língua Portuguesa e Literatura. Cruzeirense e fã de rock progressivo, ela lança essa semana seu sexto romance, “O Amor nos Tempos do Ouro”, pela Globo Alt, selo jovem da Globo Livros, que eu tive o privilégio de ser leitora beta. Nessa entrevista, ela conta um pouco sobre a carreira como escritora, sobre seu mais novo trabalho e suas preferências literárias.



1 - Primeiramente, obrigada por ter aceitado nosso convite para ser a primeira entrevistada nesse ano. Esse mês você está lançando seu sexto livro. Quando e como você começou a escrevê-lo?

Eu que agradeço a oportunidade de divulgar minha carreira e meus livros neste blog tão legal, especialmente porque a Aline foi leitora beta de O AMOR NOS TEMPOS DO OURO. :)

Bom, resolvi escrever esse romance de época depois de uma conversa bastante reveladora e motivacional com a Viviane Santos, uma leitora muito querida e hoje uma amiga especial. Isso aconteceu em fevereiro de 2015. Entusiasmada com a oportunidade que se vislumbrava diante de mim, comecei a fazer pesquisas histórias sobre o período colonial brasileiro, o que me deixou encantada. Então surgiu a premissa, mas apenas em junho do ano passado pude começar o processo de escrita propriamente.

2 - Cada autor tem um processo de escrita. Como é o seu, desde a ideia inicial até o ponto final no último capítulo? Onde você busca inspiração para os seus livros?

Eu primeiro escrevo a sinopse da história, um texto bem resumido, só para eu imaginar o que espero do enredo. Depois crio o perfil dos personagens. Em seguida, planejo os capítulos, cada etapa do livro, de maneira que, antes mesmo de começar a escrever, já tenho uma ideia a respeito de todos os acontecimentos (mesmo que eles mudem mais tarde). Só então começo a produzir. Dessa forma, não dependo de acordar criativa para colocar os pensamentos no papel. Isso facilita muito meu trabalho.

Busco inspiração no mundo ao meu redor, desde cenas que presencio, textos que leio, vídeos a que assisto, músicas que ouço. Sou muito observadora, elemento fundamental para quem gosta de contar histórias.

3 - Você é formada em Jornalismo e trabalha como professora de Língua Portuguesa. Quais são as influências dessas experiências no seu ofício de escritora e como você faz para conciliar essas carreiras?

Eu amo as palavras desde pequena. Sempre tive facilidade com a língua portuguesa, o que me impeliu a seguir a carreira de jornalista e, em seguida, buscar uma especialização na área da linguagem. Percebo que isso ajuda muito quando escrevo, porque já sei o que posso ou não usar em meus textos. Sou bastante minuciosa, procuro sempre escrever dentro dos padrões.

Hoje já não atuo mais como jornalista. Agora divido duas profissões: a de professora e a de escritora. Parece complicado (e é), mas também é estimulante. Desafios me motivam.

4 - Você possui livros de diferentes gêneros de romance, como um conto de fadas moderno, chick lit, New Adult, releitura de clássicos, e agora um romance histórico. Como as diferenças entre eles afetam no desenvolvimento da escrita? Você pretende explorar mais algum gênero?

Sair do lugar-comum, esse é o meu objetivo sempre. Ao testar gêneros diversos, eu me desafio, me redescubro enquanto escritora. É estimulante. Vejo as possibilidades diante de mim e as abraço, ainda que eu precise rever muitos dos meus conceitos de escrita. Mas vale a pena.

Eu não sou daquelas que enxergam muito longe, que faz planos a longo prazo, mas acredito que buscarei novos gêneros sim, afinal, o bicho da inquietação vive em mim.

Livros na ordem de publicação: os quatro primeiros foram publicados pela Novo Conceito, e o último pela Galera Record. 

5 - As suas histórias são ambientadas principalmente ou em Minas Gerais, ou lugares fictícios, como a Krósvia. Há planos de utilizar outros lugares como cenário?

Enquanto leitora, sinto falta de ler histórias que retratem os costumes das regiões brasileiras. Muito do que conheço sobre outros países são informações que li nos livros. Por isso faço questão de retratar nossa cultura em minhas histórias, mesmo quando crio cenários fictícios. Adoro Minas Gerais e tenho orgulho de apresentar meu Estado aos leitores. Também já falei do Espírito Santo, outro lugar muito bonito e raramente explorado por autores nacionais. Sempre que viajo, pondero a respeito das possibilidades de usar aquele local como pano de fundo dos meus textos. Portanto acredito que há muitas opções a serem trabalhadas ainda, infinitas até.

6 - Falemos sobre “O Amor nos Tempos do Ouro”. Como é escrever um romance histórico? Quais foram os desafios enfrentados nesse processo?

Escrever um texto retratado em outra época exige do escritor muita atenção, muita pesquisa e muito cuidado. Não basta apenas desenvolver a ideia. É preciso cuidar do contexto, senão a história fica incoerente. Eu me preocupei demais com isso, tanto que o trabalho durou quase um ano, tempo muito maior do que normalmente gasto para completar o processo de escrita de um livro.


 7 - Cite três motivos para convencer o nosso público a ler “O Amor nos Tempos do Ouro”.

  1. Trata-se de um romance fictício, mas com bastante informação histórica sobre o ciclo do ouro brasileiro.
  1. Os protagonistas são fortes, envolventes e apaixonantes (orgulho de “mãe”).
  1. O romance vai surgindo gradualmente e arrebatando enquanto cresce.

8 - A Globo Alt é a sua terceira casa editorial. Como está sendo trabalhar com eles? Qual a importância da VBMLitag (agência literária) na sua carreira?

Está sendo incrível trabalhar com a equipe da Globo Alt. Sinto-me em casa, valorizada, prestigiada, acarinhada. Há uma aposta tão grande em mim, uma confiança no meu trabalho que me comove. Isso não tem preço.

A presença da Luciana Villas-Boas conduzindo minha carreira é inestimável. Ela me abre portas, apresenta cenários por onde talvez eu jamais transitasse sem a influência da agência.

9 - Quais são seus autores favoritos? Qual deles te influencia mais? Indique um livro que você tenha gostado muito de ler esse ano.

Eu adoro diversos autores, tantos que não consigo contabilizar a quantidade. Sempre digo que José de Alencar, Érico Veríssimo, Fernando Sabino, Pedro Bandeira, Ana Maria Machado, Maria José Dupré são aqueles que despertaram em mim a paixão pelos livros. E recebo a influência de todos eles, além de escritores da atualidade, como Meg Cabot, Sophie Kinsella, Philippa Gregory… Muitos!

Este ano adorei “O descompasso rebelde do coração”, da Bianca Briones (Livro 4 da série "Batidas"  -Verus Editora), “Duff”, da Kody Keplinger (Globo Alt), e “Infinito + Um”, da Amy Harmon (Verus Editora).

10 - Quais são os futuros projetos da Marina Carvalho? Pode adiantar alguma coisa para gente?

“A menina dos olhos molhados”, POV de “Azul da cor do mar”, será lançado pela Globo Alt no final deste ano. O livro está prontinho, portanto agora estou me decidindo sobre duas novas histórias: um novo romance histórico, com personagens secundários de “O amor nos tempos do ouro”, e uma série com os irmãos da Rafaela Vilas Boas, de “Azul da cor do mar”. Pensando a respeito ainda. (risos)

Beijos! E obrigada pela oportunidade. <3


P.S.: obrigada a Bruna por ter me ajudado com as perguntas!!!

Apaixonada por essa capa!!!
Sinopse de O Amor nos Tempos do Ouro: "Sabes que nunca me apaixonei, maman, mas se porventura o tivesse feito, seria por alguém como ele?"

Cécile Lavigne perdeu todos os que amava e agora está sozinha no mundo. Ela, uma franco-portuguesa que ainda não completou vinte anos, está sendo trazida ao Brasil pelo único parente que lhe restou, o ambicioso tio Euzébio, para casar-se com o mais poderoso dono de terras de Minas Gerais, homem por quem Cécile sente profundo desprezo. Após desembarcar no Rio de Janeiro, Cécile ainda precisará fazer mais uma difícil viagem. O trajeto até Minas Gerais lhe reserva provações e surpresas que ela jamais imaginaria. O explorador Fernão, contratado por seu futuro marido para guiá-la na jornada, despertará nela sentimentos contraditórios de repulsa e de desejo. Antes de enfim consolidar o temido casamento, Cécile descobrirá todos os encantos e perigos que existem nessa nova terra, assim como os que habitam o coração de todos nós. Com o passar dos dias, crescerá dentro dela a coragem para confrontar todas as imposições da sociedade e também o seu próprio destino.