sábado, 23 de abril de 2016

Ah! As cartas de amor, sempre elas...



Todas as cartas de amor...
Fernando Pessoa
(Poesias de Álvaro de Campos)

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas...



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Título original: Dear Scott, dearest Zelda: the love letters of F. Scott and Zelda Fitzgerald

Título no Brasil: Querido Scott, Querida Zelda: As cartas de amor de Scott e Zelda Fitzgerald

Organização por: Jackson R. Bryer & Cathy W.

Revisão: Cecília Ramos e Marise Simões Leal

Número de páginas: 487

Editora: Companhia Das Letras





Década de 1920, era do jazz, Estados Unidos... e uma história de amor. Foi em 1918 que Scott Fitzgerald conheceu Zelda, num baile num clube de campo em Montgomery, no Alabama, Estados Unidos. Zelda era uma jovem bonita, graciosa, espirituosa, e por isso muito cortejada por vários rapazes. E Francis Scott Fitzgerald, um jovem tenente militar, se esforçava muito para conquistar a moça.

Ao arrumar trabalho em Nova York, Scott deixou Montgomery, e a jovem de seu coração. Foi então que começaram a trocar a extensa correspondência que fez parte da vida de ambos, durante longos anos.

Scott era um promissor escritor, e sonhava alto, em se tornar um dos maiores escritores de sua época, fato que realmente ocorreu posteriormente. Zelda, nesse período que Scott esteve em Nova York, não mudou em nada sua vasta vida social, saindo para festas, bailes, e sendo bastante cortejada por muitos rapazes, fato que ela relatava a Scott em suas cartas.

Scott já havia escrito um romance que fora rejeitado pelos editores, mas não desistiu. Tinha consciência de seu talento, e sabia que apenas quando vendesse um grande romance possuiria dinheiro suficiente para pedir a mão de Zelda, que possuía uma família tradicional em sua cidade, e como eram bastante abastados, seus pais não permitiriam que ela se casasse com uma pessoa sem recursos.

Apenas dois anos depois de conhecer sua bela amada, Scott conseguiu a publicação de seu primeiro romance, Este lado do paraíso, e rapidamente vendeu toda a primeira edição. Uma semana depois de publicado, a 3 de abril de 1920, ele e Zelda se casaram. Pouco mais de um ano depois, tiveram sua filha, Scottie. Alguns meses depois do nascimento da menina, Scott publicava seu segundo romance, Belos e malditos, e o casal Fitzgerald continuavam apaixonados como nunca.

Zelda também possuía grande talento para as artes, como a escrita e a pintura. Entretanto, era evidente que ela se dedicava tanto ao marido como à vida social que possuíam, primeiramente em Nova York, posteriormente na França, onde conheceram e conviveram com grandes artistas da época, e acabava deixando em segundo plano suas habilidades artísticas.

Em 1925, Scott publica um de seus maiores romances, O grande Gatsby. Neste, Scott retrata a vida e o pensamento dos americanos de sua época, abordando temas como amor, dinheiro e ambição. 

O sonho do casal foi abruptamente interrompido em 1930, quando Zelda teve seu primeiro colapso nervoso, e o sonho de fadas acabou. A partir daí, a vida de Zelda se resumiu em várias internações em clínicas e manicômios, entre períodos de crise e lucidez.

Em contrapartida, o alcoolismo tomava conta da vida de Scott, que se dividia em escrever contos para sustentar a família e criar a filha sozinho. As despesas aumentavam, pois ele também tinha que pagar as internações da esposa. Com todos esses problemas, ele se afundava cada vez mais no alcoolismo. 

Alguns críticos e biógrafos escreveram várias versões para a vida do casal, e muitos relatavam que, Scott se afundava no álcool por causa da doença da esposa, e que Zelda enlouqueceu por Scott podar seus talentos artísticos. Mas o que vemos em Querido Scott, Querida Zelda, é que tudo foi uma fatalidade. Na época sabia-se muito pouco sobre a esquizofrenia, doença diagnosticada de Zelda. E o alcoolismo ainda não era visto como doença, e sim como falha de caráter, o que tornava mais difícil a vida do escritor.

Apenas nos 10 anos de casamento houve pouca correspondência, mas nos outros períodos, esta foi constante,

Em Querido Scott, Querida Zelda, nos deliciamos com as cartas trocadas pelo casal, nem sempre de amor, como diz no subtítulo, mas muitas também de amargura e acusações mútuas.

A maior parte das cartas são de Zelda para Scott, pois muitas das cartas escritas por ele se perderam devido às várias internações pelas quais ela passou.

As cartas de Zelda eram bem poéticas, carregadas de lirismo e figuras de linguagem. A cada carta lida percebemos como era profunda a ligação entre um dos casais mais conturbados nos meios literários, e envolvemo-nos com esse grande amor, que como lemos em suas cartas, apesar de eles estarem separados, os acompanhou até a morte.