Como leitora, pude notar que é um grande desafio adaptar Clássicos. Muitos autores já tentaram, porém não foram tão bem sucedidos e críticas choveram por toda parte. Mas devo confessar: Estou positivamente impressionada com o resultado que a Lais Rodrigues me ofereceu.
Primeiras Impressões é uma adaptação moderna, que traz Orgulho e Preconceito para o século XXI. Como garotas de Pemberley, ou seja, fãs de Jane Austen, conhecemos toda a ironia, sarcasmo as críticas que Austen traz para suas obras, tornando uma adaptação um desafio para qualquer escritor pôr em prática. A sociedade do século XIX tinha seus trejeitos, e Austen, uma maneira sutil de criticá-los. Como eu já disse uma vez, se você quer adaptar uma autora que criticava a sociedade de sua época, você deve fazer o mesmo, criticando a sociedade da sua própria época. E a Lais, jovem autora baiana, me surpreendeu positivamente com sua adaptação moderna. Podem confiar no que digo: ela adaptou meu nº 1 no top 5. Se não estivesse bom, com certeza eu o diria.
O livro vem trazendo a história de Liz Benevides (leia em voz alta e você perceberá a semelhança com a original) e Frederick Darcy. Se conhecem num verão em Búzios, RJ, onde a família Benevides é dona de uma rede de pousadas. Frederick [Darcy] é americano, e vem ao Brasil acompanhando seu amigo, Charles Bing, a fim de estudar um novo local para seu empreendimento, acompanhados [ou seguidos] por Caroline Bing, irmã de Charles. Liz e Jane, as filhas mais velhas dos Benevides, logo captam atenção especial dos americanos recém chegados, por falarem inglês fluentemente, por serem simpáticas, extrovertidas e, tipicamente brasileiras, muito bonitas.
Os jovens, que têm entre 25 e 32 anos de idade, se tornam muito próximos nesse verão, mas Liz e Darcy não se dão muito bem. Caroline e Frederick, movidos, ela pela arrogância e ele pelo presunção, decidem se afastar dos Benevides, arrastando Charles com eles, encerrando assim o convívio. No entanto, Jane e Charles já estão apaixonados um pelo outro, o que torna a separação dolorosa e surpreendente.
Por terem uma boa situação financeira, as meninas estudaram e possuem uma vida nos Estados Unidos, sendo uma em Boston e outra em Nova York. Sendo assim, um reencontro seria inevitável. Liz passa a ser íntima da família Darcy, uma das melhores amigas de Georgiana, irmã de Frederick, e, um tempo depois, sua cunhada também! Enquanto Jane toca sua vida e se envolve com um outro homem, na tentativa de esquecer Charles. Tentativa essa que se mostra infrutífera. Mesmo assim ela persiste.
Frederick é um homem rico e influente, senador americano e agora candidato a vice governador, mas isso não o impede de se apaixonar perdidamente por Liz. O que atrapalha o casal é Lídia, irmã caçula de Liz, que se envolve num escândalo que seria prejudicial para a imagem do novo Vice Governador, e o que antes era um noivado agora se torna uma dolorosa separação.
Bem, sabemos como a história termina [Lais não seria louca a ponto de mudar o final!], e sabemos que é um final lindo. Retornos, segredos revelados, redefinições de prioridades e valores, casamentos, e ainda tem uma gestação fofa no último capítulo! Como eu disse, problemas atuais, críticas atuais. Não poderíamos ter, em pleno século XXI, mulheres que buscam independência financeira através de casamentos com homens ricos, ou que ficam remoendo uma desilusão amorosa sem tocar a vida, ou que são obrigadas a casar com homens que não escolheram, ou que não as escolheram. Existe uma liberdade muito maior em nosso século. Mas ainda existe o orgulho e o preconceito, a diferença entre classes, os enganos e falhas de comunicação. E isso foi muito bem pontuado nessa adaptação.
Por fim, adorei e recomendo o livro, tanto para fãs de Jane Austen, quanto para fãs de um bom romance. Delicioso do início ao fim!
Título Original: Primeiras Impressões
Autora: LRDO
Editora: Kiron
Páginas: 310
Título Original: Primeiras Impressões
Autora: LRDO
Editora: Kiron
Páginas: 310