sexta-feira, 5 de agosto de 2016

BEDA #5 - GDP Entrevista: Larissa Siriani

O GDP é uma das provas de que sim, existe amizade virtual. Mas eu posso me considerar sortuda, uma vez que fiz muitas outras amizades pela internet nesses últimos anos. A Larissa Siriani é uma delas. Conheci a Larissa por acaso, quando, em 2013, resolvi assistir The Lizzie Bennet Diaries. Foi a Larissa, que com outras amigas, que inicialmente legendavam a série em português e postavam os episódios legendados no canal da Larissa no YouTube. Posteriormente passei a assistir os outros vídeos que a Larissa gravava, principalmente sobre suas leituras e sua experiência como escritora. Também comecei a participar em um grupo no facebook, em que conversamos sobre web séries. Conheci as obras da Larissa, passei a acompanhar sua carreira e construímos uma amizade dentro de um grupo maravilhoso.


Nesse mês de agosto, essa paulistana de 24 anos lança sua primeira obra por uma grande editora, Amor Plus Size, pela Verus Editora, que trás uma importante mensagem de empoderamento e aceitação do próprio corpo. Entre seus outros trabalhos, destaca-se a trilogia de fantasia Coração da Magia. Além disso, Larissa Siriani, que é formada em Cinema, integra a equipe da Adorbs Produções, responsável pela web série Dona Moça, inspirada no clássico nacional Senhora (e já apresentada no blog).


Nessa entrevista ela vai falar um pouco sobre a carreira e suas obras.

1 - Quando e como você começou a escrever?
Desde criança eu sempre gostei de escrever. Logo que aprendi a organizar as letras em palavras, comecei a contar histórias; primeiro criava quadrinhos, depois pequenos contos, e quando estava com 13 anos, escrevi meu primeiro livro e percebi que era aquilo que eu queria fazer pra valer. A escrita sempre foi uma coisa muito presente na minha vida.
2 - Cada autor tem um processo de escrita. Como é o seu, desde a ideia inicial até o ponto final no último capítulo? Onde você busca inspiração para os seus livros?
Eu não tenho um “processo”, exatamente. Muda bastante dependendo do projeto. Em geral eu tenho a ideia, e a anoto em algum lugar (ou num caderno, ou, mais comumente, no celular) e fico matutando sobre ela por meses, até anos. Quando tenho a ideia pra algo mais concreto, sento e escrevo, e aí vou trabalhando nisso enquanto as ideias aparecem. Já provei pra mim mesma que inspiração é uma coisa que acontece nos momentos mais inesperados, então eu não busco por ela; deixo que ela venha me procurar.
3 - Sua formação acadêmica influencia de alguma maneira a carreira de escritor?
Muito. Ter cursado Cinema me forçou a estudar a parte técnica da escrita, e por mais que roteiro e literatura sejam duas coisas bem diferentes, aprendi muito sobre um através do outro. Hoje eu olho para as histórias com um olho mais técnico, e isso muda a maneira como eu encaro meus próprios projetos também.
4 - Você possui livros de diferentes gêneros de romance. Como as diferenças entre eles afetam no desenvolvimento da escrita? Você pretende explorar mais algum gênero?
Eu acho importante tentar se arriscar em gêneros diferentes porque eles exigem que você trabalhe lados distintos da escrita. Embora muitos pontos sejam iguais, a técnica pra fantasia não é 100% igual à usada para um romance, por exemplo. Acho que quando você busca trabalhar em estilos diferentes, acaba descobrindo seus pontos fracos e fortes, e melhorando-os com o tempo, o que é sempre benéfico. Dito isso, acho que já explorei o que queria, mas nunca diga nunca.

5 - Há preferência entre escrever livros únicos ou séries?
Depois de ter escrito duas séries (As Bruxas de Oxford, publicada, e uma série de livros que eu postei no Wattpad intitulada “O diário (nada) secreto”) eu fiquei bem reticente em relação a séries. São difíceis de escrever, longas, e a margem pra erro é gigantesca se você, como eu, tem péssima memória e um hábito terrível de não fazer anotação nenhuma. Então hoje eu dou preferência a livros únicos, pela praticidade. Ainda gosto de conectar as histórias através de personagens recorrentes, mas essa coisa de começar uma história num livro e só concluir três livros depois já não é mais pra mim.
Trilogia Coração da Magia, disponível na Amazon, no formato de ebook

6 - Como você escolhe o local onde a história será ambientada? Você utiliza sua experiência ou faz pesquisas sobre o local? Como é o processo?
Durante muito tempo, eu tentei usar lugares diferentes para ambientação das minhas histórias. Acho isso legal porque faz com que a gente saia um pouco da zona de conforto, sabe? Mas ao mesmo tempo, se você não conhece o lugar pessoalmente e tem que se basear em internet (alô, Oxford!) pode acabar soando artificial, além de dar um trabalho danado. Hoje eu dou preferência pra São Paulo, cidade onde eu vivo, que além de eu conhecer muito bem, ainda tem espaço suficiente para milhões de histórias. Eu não preciso ficar me colocando no lugar de uma pessoa diferente se eu conheço a realidade do lugar onde aquele personagem vive, então facilita bastante.
7 - Fale um pouco sobre seu lançamento mais recente. Quais foram os desafios enfrentados ao escrever essa obra?
Amor Plus Size fala muito sobre a minha adolescência e a Larissa que eu era. Acho que um dos principais desafios foi colocar essa experiência no papel sem ser uma coisa autobiográfica. É inevitável que os nossos personagens tenham um pouco da gente, mas eu queria que a Maitê fosse ela mesma, com uma trajetória e uma experiência próprias dela. Delimitar essa linha quando é um trabalho muito pessoal às vezes pode ser difícil.


8 - Qual é o papel da sua família na carreira literária?
Meus pais são os reis da paciência! Minha mãe me incentiva a ler e escrever desde sempre, mas acho que nem ela esperava que eu chegasse tão longe com esse sonho. Ela e meu pai sempre me apoiaram muito, mas também sempre fizeram questão de me deixar com os pés no chão e me lembrar de pesar minhas opções e enxergar tudo com a razão, e menos com o coração. Por não entenderem muito do mercado, eles não puderam me ajudar tanto quanto gostariam, mas só o fato de terem estado aqui pra mim durante toda a caminhada já é mais que o suficiente.
9 - Qual é a importância da representatividade em obras voltadas para o público jovem adulto?
Acho essencial. A adolescência, em especial, é um momento muito delicado nas nossas vidas, porque é exatamente durante esse período que nós mais precisamos de algo ou alguém em que nos espelharmos. O problema é que boa parte desses exemplos vem das mídias que consumimos (livros, TV, filmes, etc), e quando tudo o que consumimos enfia na nossa cabeça um determinado padrão, nos convencemos de que aquela é a única opção. Ter uma protagonista gorda, negra, deficiente, significa ter opções, incluir. Significa que você não precisa entrar em uma caixinha para se sentir bem, mas que é livre para ser quem quiser. É um ensinamento que não precisa ser falado, mas precisa estar presente – e, infelizmente, hoje em dia não está.
10 - Como é seu relacionamento com a atual editora? E com a agência literária?
Eu sou tremendamente sortuda por trabalhar lado a lado com a Verus e a Increasy. Foram duas oportunidades que surgiram em momentos da minha vida quando achei que nada mais daria certo. Há um respeito muito grande e mútuo na minha relação com ambas as empresas, e acho que essa é a melhor parte. Eu confio cegamente no trabalho de todos eles, assim como tenho certeza de que eles confiam no meu.
11 - Quais são seus autores favoritos?
MarkusZusak, Carlos Ruiz Zafón, J.K.Rowling, Meg Cabot, Paula Pimenta... são tantos!
12 - Qual é o papel das redes sociais no relacionamento com os leitores? Quais mídias você mais utiliza?
Hoje não dá mais pra viver fora das redes sociais. Na verdade, acho que se eu sou alguém nessa vida, é por causa das pessoas que conheci por lá (incluindo a Alba, que hoje é minha agente). É através delas que a gente conversa com leitores, reforça o contato, espalha novidades e conquista mais pessoas. Eu tento estar presente em todas as plataformas, mas hoje em dia sou mais ativa no Twitter (não sei viver sem reclamar o dia todo por lá) e no Youtube, com o meu canal.
13 - Quais são suas expectativas para a Bienal de São Paulo? Em quais dias você estará presente no evento?
Estou super animada! Ano passado, no Rio, eu fui só pra visitar, mas esse ano, como é na minha cidade, vou praticamente morar lá dentro. Pretendo ir (quase) todos os dias e passar o dia todo por lá. Oficialmente, estarei autografando no estande da Record dia 03/09 às 13h. Antes, no dia 02/09, às 18h, na Arena TodaTeen, terá bate-papo do GPower (grupo formado pela Larissa Siriani, Thati Machado, Mila Wander e Janaina Rico).
14 - Você pode partilhar com a gente sobre futuros projetos?
Eu agora estou trabalhando em alguns spin-offs de Amor Plus Size. O plano é que três personagens de APS ganhem livros próprios. Um deles já está finalizado e já começou a ser revisado junto às meninas da Increasy, e já comecei a esboçar o segundo. É só isso que posso dizer por enquanto.
OBRIGADA!!!

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